Defesa Civil: Pedaço que desprendeu hoje representa menos de 1% do talude
Os fragmentos que desprenderam hoje por volta das 5h na mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), representam menos de 1% do total do talude que deve ruir. O pedaço que deslizou e foi parar no fundo da cava, o primeiro até agora a se romper, tem 20 metros de altura por 30 metros de largura (área de 600 m²) e se esfarelou, segundo o superintendente de gestão de risco de desastre da Defesa Civil do estado, major Marcos Pereira.
O talude norte, parte ameaçada de ruir, mede 192 metros de altura por 500 metros de largura (área de 96 mil m²). Com isso, o pedaço que se desprendeu equivale a 0,625% do total da área que deve ruir.
O desprendimento, de acordo com a Vale, não chegou a provocar impacto na barragem Sul Superior, que fica a 1,5 km e ainda é a maior preocupação porque está desde 22 de março em nível máximo de risco para rompimento. Qualquer vibração um pouco mais forte gerada pela queda do talude poderia levar à liquefação da barragem e fazê-la ceder.
Mais cedo, o coordenador adjunto da Defesa Civil do estado, coronel Flávio Godinho, havia dito que o desprendimento tinha sido "insignificante".
A mineradora diz que continua monitorando o talude 24 horas por dia e que, na avaliação da sua equipe de geotécnicos, o material rochoso que está comprometido vem deslizando de forma gradual e, se continuar assim, não deverá haver consequências para a barragem.
A previsão inicial da mineradora era de que o talude pudesse cair entre os dias 18 e 25, o que começou a acontecer somente nesta madrugada.
Risco ainda existe
Mesmo que o talude continue deslizando sem grandes impactos, a barragem Sul Superior continuará em alerta máximo até que a Vale realize ações que voltem a garantir a estabilidade da estrutura, negada por uma consultoria em 8 de fevereiro. O UOL perguntou ontem à mineradora se há um prazo para que o nível de alerta máximo caia para 2 ou 1, mas ainda não recebeu resposta.
Em caso de rompimento da barragem, 6.054 moradores de Barão de Cocais podem ser afetados em 1h12, porque estão na chamada ZSS (zona de segurança secundária), a 17,8 km da barragem.
A lama pode alcançar ainda a outras 1,7 mil pessoas que residem cerca de 13 km mais adiante, na vizinha Santa Bárbara (com a mancha de inundação chegando a partir de 3h do estouro), e 2.444 em São Gonçalo do Rio Acima (8h depois).
Cerca de 500 moradores da principal área de risco, a ZSA (zona de autossalvamento), tiveram que deixar suas casas em 8 de fevereiro, quando o certificado de estabilidade da barragem foi negado por uma empresa contratada pela Vale.