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Com samba, amigos se despedem de Beth Carvalho no velório da cantora

Velório de Beth Carvalho - Carolina Farias/UOL
Velório de Beth Carvalho Imagem: Carolina Farias/UOL
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Carolina Farias

Do UOL, no Rio

01/05/2019 10h20

Com uma cerimônia aberta ao público e que contou com sambas, imagens da carreira e centenas de fãs e amigos, o corpo da sambista Beth Carvalho foi velado na sede do Botafogo, zona sul do Rio, de onde saiu sob aplausos em um carro do Corpo de Bombeiros rumo ao crematório do Caju, na zona norte.

A cantora morreu ontem, aos 72 anos, no Rio de Janeiro, vítima de uma infecção generalizada (sepse). A madrinha do samba, intérprete de canções como "Andanças" e "Coisinha do Pai", estava internada no Hospital Pró-Cardíaco desde o dia 8 de janeiro.

Relembre a trajetória de Beth Carvalho

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Beth Carvalho foi velada com uma bandeira da Mangueira por sobre o caixão, em um funeral com a presença de colegas como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Nelson Sargento, lenda do samba e da escola de coração da artista.

Zeca, um dos sambistas apadrinhados por Beth, chegou ao local logo após as 11h. Muito comovido, ele não se aproximou do caixão, enquanto os presentes começaram a cantar "Andanças".

O velório aos poucos foi ganhando ar de roda de samba, com músicos tocando instrumentos de percussão e entoando versos de músicas que marcaram a trajetória da artista, como "Vou Festejar" e "Folhas Secas".

Após a última execução de "O Show Tem que Continuar", o caixão foi fechado, e a cerimônia prosseguiu até a porta da sede do Botafogo com o público gritando "Beth, guerreira do povo brasileiro".

O caixão foi erguido ao som de "Andanças", puxada por fãs, antes de partir para o crematório do Caju, onde o corpo foi cremado em uma cerimônia reservada à família.

A despedida

Costumo brincar que virei compositor, que sou Zeca Pagodinho por causa da Beth. Muita coisa boa, muito papo bom. Estivemos juntos algumas vezes. Ela foi ao casamento da minha filha. A gente falava por telefone, não tinha coragem de vê-la. O samba tem sofrido muito esse ano. Já é o oitavo sambista que vai embora. Zeca Pagodinho, cantor

Estive na casa dela, passamos uma tarde inteira lá. Cantamos, lembramos coisas antigas. Beth gravou o samba "Agoniza Mas Não morre" em 1979 e na voz dela esse samba ganhou o mundo. Só posso dizer obrigado. Tudo que nos é caro faz falta. Nelson Sargento, 94, lenda do samba e da Mangueira, que chegou de cadeira de rodas

Não sei o que falar. Vim aqui para celebrar a vida dela. Que o papai do céu tome conta dela assim como vai tomar conta da gente. Por tudo o que ela fez e vai continuar fazendo na vida de todos nós é aquilo que um compositor pode esperar dela. Ela colocou a gente em outro patamar. Jorge Aragão, cantor

Conheci Beth aos cinco anos. Almir Guineto, Arlindo Cruz, Zeca, eu, Fundo de Quintal: os mais velhos e os novos, a Beth sempre acolheu. É um momento de muita dor pra gente, que acompanhou a batalha. Beth foi uma guerreira e lutou pela vida. Dudu Nobre, cantor

Há dez anos na minha luta contra o câncer, Beth, Zeca, Elimar Santos e Bira Presidente, do Cacique, foram os que mais ligavam para saber, para ajudar. Os que mais chegaram junto no meu pior momento. Beth participou do melhor momento, do conselho, e do mais difícil, da quimioterapia, pós-operatório, tratamento. Ela estava sempre junto. Neguinho da Beija-Flor, intérprete

Ela me deu um conselho, não me acho substituto ou continuação de nada, sou só um operário do samba, e ela me perguntou se eu sabia o tamanho de minha responsabilidade. A questão é que estou aqui. Xande de Pilares, cantor

Ela nos fez acreditar que esse dia nunca chegaria. De uma certa forma ela é imortal. Estava muito envolvida no show. Morreu achando que ia fazer. Foi em paz. Lu Carvalho, sobrinha de Beth, também sambista

Eu era jovem quando minha mãe ouvia os vinis da Beth e a partir do que ouvi dela tive interesse em saber o que era o samba. Estamos enterrando hoje a maior sambista da história. Mais que cantora, ela foi uma mulher das rodas de samba, que frequentou subúrbios, botequins. Cantora popular na essência do popular. Leandro Vieira, carnavalesco da Mangueira

Há duas semanas a Beth escreveu uma carta para o Lula, de apoio e solidariedade a ele, que não foi levada por uma questão de logística. Não era uma carta de despedida dela, mas de apoio a ele, que era o presidente dela. Vamos fazer com que seja entregue. Anita Carvalho, amiga da sambista

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