'Chefe' de rede de crimes de ódio a menores é jovem de 14 anos, diz polícia
Um adolescente de 14 anos, morador de Campo Grande (MS), é apontado como um dos "chefes" do grupo criminoso que incentivava crimes de ódio contra menores de idade na internet. Ele foi um dos alvos da operação deflagrada em sete estados na manhã de hoje.
O que aconteceu
Adolescente é alvo da operação, mas não foi apreendido porque não foi autuado em "flagrante delito". Entretanto, o jovem "atuava como se fosse chefe" do grupo criminoso e tinha pelo menos quatro subordinados, também suspeitos e moradores de Mato Grosso do Sul. As informações são das polícias civis do Rio de Janeiro e do Mato Grosso do Sul. A operação de hoje teve apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Jovem admitiu ser um dos chefes da organização e que cometia os crimes no ambiente virtual a partir da casa dele, no bairro Jardim Carioca. Os investigadores estiveram no endereço do suspeito e apreenderam computadores, celulares e documentos.
A operação, intitulada Adolescência Segura, ocorre simultaneamente em sete estados. Além do Rio e do MS, os policiais cumprem mandados de prisão, buscas e apreensões em Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Pelo menos dois adultos foram presos e sete menores apreendidos. Suspeitos atuavam por meio de grupos em plataformas como Discord e Telegram e as vítimas eram principalmente adolescentes. O estímulo para que as vítimas aceitassem esses desafios era a promessa de recompensas internas.
Grupo criminoso promovia desafios e competições com foco em crimes de ódio. De acordo com as autoridades, os suspeitos vão responder por crimes de tentativa de homicídio, induzimento ao suicídio, incentivo à automutilação, armazenamento e divulgação de pornografia infantojuvenil, apologia ao nazismo e por maus-tratos aos animais.
Os grupos em plataformas como Discord e Telegram são conhecidos como "Panelas". Os integrantes são chamados de "paneleiros" e os administradores veem na violência uma forma sádica de diversão, com o incentivo a prática de crimes virtuais, que envolvem estupro, automutilação e maus-tratos aos animais.
Criminosos usam as plataformas para recrutar adeptos e incentivar atos hediondos. No caso do grupo alvo da operação de hoje, as investigações tiveram início em fevereiro, após um morador de rua ser atacado por um adolescente e ter 70% do corpo queimado. O ataque foi filmado e transmitido em tempo real na internet.
Desde 2014, pelo menos 56 adolescentes morreram ou ficaram feridos em decorrência de desafios virtuais. Os dados, levantados pelo Instituto Dimicuida, são usados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Atualmente, a Polícia Civil do Distrito Federal investiga a morte de uma menina de 8 anos após inalar desodorante em um desafio nas redes sociais.
Grupo alvo da operação "é uma das maiores organizações criminosas" em atuação no país "voltadas à prática de crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes". Ainda segundo a PCRJ, os suspeitos mantinham uma "atuação significativa no cenário virtual, por diferentes plataformas, utilizando mecanismos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar".
Operação Adolescência Segura é coordenada pela Delegacia da Criança e do Adolescente da PCRJ com o apoio das policias civis de sete estados e do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança do Governo Federal.
Como os dois presos maiores de idade não tiveram as identidades reveladas, não foi possível localizar suas defesas para pedir posicionamento.