Pequim suspende entregas de aviões da Boeing para companhias aéreas chinesas
O governo chinês ordenou que as companhias aéreas do país suspendam o recebimento de aviões da fabricante americana Boeing. As aéreas chinesas também foram orientadas a interromper a compra de equipamentos e peças de reposição de empresas americanas, segundo informações da agência Bloomberg. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (15), durante a visita do presidente Xi Jinping ao Vietnã, primeira etapa de seu giro por países do sudeste asiático para discutir novas perspectivas comerciais no contexto da guerra de tarifas com os Estados Unidos.
A guerra comercial entre Washington e Pequim se intensificou depois que o presidente americano Donald Trump impôs tarifas de até 145% sobre um grande número de produtos chineses, excluindo da lista telefones celulares, computadores e semicondutores. Pequim retaliou com sobretaxas alfandegárias de 125% sobre os importados americanos.
Essas sobretaxas chegam a dobrar o custo de aviões e peças fabricados nos Estados Unidos, que desembarcam no território chinês. As companhias locais dificilmente terão condições de absorver esse custo adicional em impostos. Segundo a Bloomberg, o governo chinês estuda uma forma de ajudar as transportadoras locais que alugam aviões da Boeing e enfrentam custos mais altos.
Defesa ao multilateralismo
Ao fim de sua passagem pelo Vietnã, o presidente chinês e governo vietnamita publicaram uma declaração conjunta de apoio ao multilateralismo no comércio, em oposição a práticas de hegemonia, superpotência e unilateralismo.
Os dois países ainda manifestaram o seu apoio à Organização Mundial do Comércio (OMC).
"Diante da incerteza, da instabilidade e da imprevisibilidade da situação internacional, as partes apoiarão firmemente o multilateralismo", disse o comunicado conjunto.
O Vietnã negocia uma redução de 46% de taxas sobre seus produtos, que seriam aplicadas pelos EUA em julho, após a expiração de uma moratória decidida na semana passada.
O presidente chinês e o primeiro-ministro vietnamita assinaram 45 acordos bilaterais, alguns visando aprimorar as cadeias de fornecimento e ampliação de ferrovias. Eles também demonstraram interesse em estreitar a cooperação no setor de minerais essenciais, de acordo com as leis e políticas industriais de cada país.
O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que a viagem de Xi Jinping ao sudeste asiático tinha como objetivo "passar" os Estados Unidos para trás, mas que não culpava os dois dirigentes por terem realizado tais discussões.
Brics
O Vietnã também declarou estar aberto a discutir uma parceria com os países do Brics, mesmo sem ter aceito, por enquanto, o convite para se tornar se tornar um parceiro oficial do grupo liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
No ano passado, o primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh, participou pela primeira vez de uma reunião dos Brics como observador, em Hanói.
Em visita ao Vietnã, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, convidou o país para a cúpula dos Brics que acontecerá no Brasil, em julho.
(Com AFP)