EUA diz que "bola está com a China" em relação às tarifas

A bola "está com a China" para negociar sobre as tarifas dos Estados Unidos, afirmou na terça-feira (15) a Casa Branca, em meio a pressões de Pequim, que deixou de receber entregas de aviões da Boeing.
"O presidente afirmou, novamente, que está claramente aberto a um acordo com a China. Mas é a China que precisa de um acordo com os Estados Unidos" e não o contrário, disse a jornalistas a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
"A China quer o que nós temos: o consumidor americano", afirmou. "Em outras palavras, [os chineses] precisam do [nosso] dinheiro".
Para Leavitt, "a bola está com a China" caso queira encerrar a guerra comercial iniciada por Trump com tarifas que abalaram os mercados financeiros.
Mas Pequim optou por manter a pressão, com mais represálias. Sua contramedida mais recente consistiu em deixar de aceitar a entrega de aviões fabricados pela fabricante americana Boeing.
Um gesto que Trump denunciou em sua rede Truth Social.
"Curiosamente, eles acabam de recuar de um acordo importante com a Boeing, alegando que 'não tomarão posse' dos aviões" cobertos por pedidos firmes, declarou.
A agência de notícias Bloomberg, citando fontes não identificadas, afirmou que a China ordenou às suas companhias aéreas que deixem de aceitar aviões da Boeing.
- Crescimento da China -
A China anunciou nesta quarta-feira que sua economia cresceu 5,4% no primeiro trimestre, mais do que o projetado pelos analistas, enquanto os exportadores aceleram suas operações antes da aplicação das tarifas dos Estados Unidos.
O presidente chinês, Xi Jinping, iniciou na segunda-feira uma viagem pelo sudeste asiático, para buscar uma resposta coordenada às tarifas americanas.
Trump determinou uma tarifa adicional de 145% aos produtos importados da China.
Mas suavizou o tom ao isentar computadores, smartphones e outros produtos eletrônicos, assim como semicondutores ? a maioria dos quais vem da China.
Pequim respondeu com uma taxa que já chega a 125%.
Sheng Laiyun, funcionário de alto escalão do Escritório Nacional de Estatísticas (ONE) da China, disse que as tarifas americanas "pressionarão o comércio e a economia do nosso país".
A China anunciou nesta quarta-feira a nomeação de Li Chenggang como seu novo representante para negociações comerciais internacionais.
Ao mesmo tempo, o serviço postal do território chinês de Hong Kong anunciou nesta quarta-feira que interromperá o envio de pacotes para os Estados Unidos devido aos aumentos tarifários "abusivos" de Trump.
Para todos os outros países, o governo dos Estados Unidos suspendeu por 90 dias as tarifas adicionais que ultrapassassem os 10%. E a Casa Branca afirmou que está aberta para negociações.
- UE em "posição de força" -
A União Europeia (UE) está "em uma posição de força" nas conversas, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em entrevista à revista alemã Die Zeit. "Os europeus sabem exatamente o que querem e quais são seus objetivos", avaliou.
Outro país na mira de Trump, o Canadá, fez na terça-feira um gesto aos fabricantes de automóveis: permitiria a importação de certa quantidade de veículos montados nos Estados Unidos em troca do compromisso de manter a produção em território canadense sem tarifas.
Ottawa impôs tarifas de 25% sobre esses produtos, em retaliação aos 25% aplicados por Washington aos veículos que entram no país.
Segundo a imprensa japonesa, a Honda considera transferir suas linhas de produção canadenses para os Estados Unidos, mas o grupo negou a informação.
Além dos automóveis, Trump também impôs tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio. Ele planeja fazer o mesmo com os semicondutores e os produtos farmacêuticos "dentro de um ou dois meses", segundo seu secretário de Comércio, Howard Lutnick.
A empresa de tecnologia Nvidia notificou na terça-feira a agência reguladora americana dos mercados financeiros que espera um impacto de 5,5 bilhões de dólares (32,3 bilhões de reais) neste trimestre devido a uma nova exigência de licença sobre o principal chip que pode vender legalmente na China.
Além disso, Trump ordenou na terça-feira uma investigação sobre os efeitos na "segurança nacional" da importação de minerais críticos e de "produtos derivados" como smartphones, carros elétricos ou baterias.
A investigação é considerada uma primeira etapa antes de novas tarifas sobre estes produtos, caso seja demonstrado que o volume de importação representa um risco para a segurança nacional.
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