Estupro é usado sistematicamente como arma de guerra no Sudão, diz ONU
Por Olivia Le Poidevin
GENEBRA (Reuters) - O estupro está sendo usado sistematicamente como arma de guerra no Sudão, alertou uma agência da ONU na terça-feira, quando o conflito completa dois anos.
"Observamos um aumento de 288% na demanda por apoio a sobreviventes de estupro e violência sexual. Estamos começando a ver o uso sistemático do estupro e da violência sexual como arma de guerra", disse Anna Mutavati, diretora regional da ONU Mulheres, a repórteres em Genebra, por meio de um link de vídeo de Porto Sudão.
"Os corpos das mulheres se transformaram em um campo de batalha", afirmou ela, sem dizer qual lado da guerra do Sudão era responsável.
A guerra entre o Exército do Sudão e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF) eclodiu em abril de 2023, destruindo as esperanças de uma transição para o governo civil.
Desde então, o conflito deslocou milhões de pessoas e devastou regiões como Darfur, onde a RSF está lutando para manter sua fortaleza em meio aos avanços do Exército em Cartum.
"Isso é só a ponta do iceberg, nem todo mundo está se manifestando porque há vergonha e culpabilização da vítima associada a todas as mulheres que foram estupradas ou vítimas de estupro coletivo", disse ela.
Uma missão de apuração de fatos da ONU no ano passado descreveu os níveis de abuso sexual, incluindo estupro de crianças, como "assombrosos". A maioria dos casos conhecidos foi perpetrada pela RSF e seus aliados, afirmou a missão, observando que é mais difícil fazer denúncias nos territórios controlados pelo Exército.