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Radar à prova de migué: o que são os novos aparelhos instalados em SP

Ao contrário da maioria, o medidor da rua Barão de Jundiaí faz jus ao nome de radar - Divulgação
Ao contrário da maioria, o medidor da rua Barão de Jundiaí faz jus ao nome de radar Imagem: Divulgação
do UOL

Eduardo Passos

Colaboração para o UOL

14/04/2025 05h30

Quem circula pela cidade de São Paulo repara, cada vez mais, nos diversos tipos de câmeras que monitoram ruas e calçadas. No caso da fiscalização de trânsito, também são vistos novos equipamentos, com peças incomuns que geram curiosidade e palpites quanto ao que, efetivamente, elas vigiam.

Na rua Barão de Jundiaí, na Lapa, por exemplo, a reportagem de UOL Carros registrou um desses aparelhos, que mede a velocidade dos veículos que seguem na direção do Centro. Até há uma câmera, escondida dentro da tradicional caixa que leva o apelido de "pardal". Entretanto, as pequenas antenas plásticas instaladas sobre a barra horizontal são escolhas incomuns.

Módulo Doppler é o segredo para medir, com precisão de 1 km/h, a velocidade dos veículos - Divulgação - Divulgação
Módulo Doppler é o segredo para medir, com precisão de 1 km/h, a velocidade dos veículos
Imagem: Divulgação

Esse arranjo corresponde ao radar Doppler, que já é utilizado há anos no Brasil através das pistolas que as polícias rodoviárias, principalmente, usam em fiscalizações pontuais. Desde 2019, porém, a tecnologia também ganhou adesão nos radares fixos urbanos e rodoviários.

Na estrada, o uso do Doppler é um antídoto ao 'migué', pois consegue detectar a velocidade do carro a centenas de metros de distância, antes mesmo de o motorista ver o equipamento. Na cidade, sua grande vantagem tem a ver com manutenção das vias.

Documento do Inmetro mostra que câmera (esq.) só é ativada se o módulo Doppler (dir.) constata excesso de velocidade - Reprodução - Reprodução
Documento do Inmetro mostra que câmera (esq.) só é ativada se o módulo Doppler (dir.) constata excesso de velocidade
Imagem: Reprodução

Isso acontece sobretudo porque os radares tradicionais não são... radares: a rigor, um dispositivo deste tipo emite ondas de rádio que, quando refletidas de volta, indicam a posição e velocidade de um alvo. A maioria dos medidores de velocidade fixos, por outro lado, usa fios instalados sob o asfalto, que descobrem a velocidade do veículo com base no tempo que ele gasta para acionar cada fio, cuja distância é conhecida e serve para o cálculo matemático.

Antigo radar da Barão de Jundiaí necessitava dos veios no asfalto para funcionar: prejuízo estético e dificuldades de recapeamento - Reprodução/Google - Reprodução/Google
Antigo radar da Barão de Jundiaí necessitava dos veios no asfalto para funcionar: prejuízo estético e dificuldades de recapeamento
Imagem: Reprodução/Google

É um método de instalação mais complexo, que exige interrupção do tráfego na rua para que os medidores sejam colocados e, caso a via seja recapeada, também pede uma nova instalação dos fios.

Os radares Doppler, por sua vez, trocam os fios no chão por pequenos módulos ao alto, que disparam as ondas de rádio. Dessa forma, é possível mexer no asfalto sem interferir na medição.

Na Barão de Jundiaí, um medidor de velocidade convencional foi instalado em 2015, mas, em 2024, deu lugar ao modelo Doppler. Na virada para esse ano, a rua foi recapeada e o dispositivo seguiu funcionando, com um módulo para monitorar cada faixa.

Rua Clélia também já conta com radares Doppler instalados - Alessandro Reis/UOL - Alessandro Reis/UOL
Rua Clélia também já conta com radares Doppler instalados
Imagem: Alessandro Reis/UOL

Segundo o relatório técnico do equipamento, obtido por UOL Carros, caso a velocidade excessiva seja constatada, a única câmera que fica no poste é acionada e consegue registrar o veículo em qualquer faixa que esteja cometendo a infração.

Tanto o dispositivo de foto quanto os radares podem ser utilizados em veículos que se afastam quanto nos que se aproximam, e há flashes que são utilizados à noite, se necessário.

No gabinete (a caixa que fica pendurada no poste), há o computador que realiza a leitura das placas, certifica eletronicamente a veracidade do registro e o envia às autoridades.

Outra vantagem, também indicada na certificação do radar Doppler da Velsis — outro muito usado no Brasil — é que os sensores de rádio conseguem, ao contrário dos medidores comuns, flagrar motociclistas que dão o "migué" de cruzar o ponto de medição pelo acostamento e até pela calçada.

Radar a laser é outra alternativa que não exige intervenção no asfalto - Divulgação - Divulgação
Radar a laser é outra alternativa que não exige intervenção no asfalto
Imagem: Divulgação

"Pode ser instalado em vias de pequeno, médio e grande fluxos, sendo praticamente independente com relação à geometria do pavimento, à qualidade estrutural do pavimento bem como as condições climáticas", diz o catálogo da marca. Além do radar Doppler, a Velsis também oferece o radar a laser, que repete o processo das ondas de rádio mas utilizando feixes de luz.

Apesar da engenhosidade desses sistemas, informa a CET, os pontos de fiscalização seguem agindo normalmente: os radares das ruas Clélia e Barão de Jundiaí servem exclusivamente para monitorar excessos de velocidade; as câmeras dos equipamentos permanecem ligadas e podem, ainda, multar quem desrespeita o rodízio paulistano e as zonas restritas à circulação de caminhões na capital.

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