UE busca resposta equilibrada entre negociação e retaliação às tarifas dos EUA
Os países da União Europeia deram sinal verde, nesta quarta-feira (9), ao primeiro pacote de resposta às tarifas dos Estados Unidos, embora o bloco tenha alertado que poderia abandonar as represálias caso alcance um acordo.
O pacote, que afeta produtos como soja, motocicletas e produtos de beleza e cujas taxas variam de 10% a 25%, é uma resposta às tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio implementadas no mês passado pela Casa Branca.
As medidas, apoiadas pelos países da UE nesta quarta-feira, também afetam aves, arroz, milho, frutas e nozes, madeira, motocicletas, plásticos, têxteis e equipamentos eletrônicos.
A UE estima que essas tarifas representam mais de 20 bilhões de euros (cerca de 22 bilhões de dólares ou 130,5 bilhões de reais, na cotação atual).
Em comunicado, a Comissão Europeia saudou a decisão dos países membros do bloco e enfatizou que as medidas "podem ser suspensas a qualquer momento" caso os Estados Unidos aceitem um acordo "justo e equilibrado".
A lista de bens que serão tarifados pela UE está voltada para produtos das regiões dos EUA que votaram esmagadoramente em Donald Trump nas últimas eleições presidenciais.
Ao mesmo tempo, a UE prepara sua resposta aos impostos de 25% sobre automóveis e à tarifa geral de 20%, uma posição que pode ser anunciada na próxima semana.
A UE foi atingida por três rodadas de tarifas dos Estados Unidos e agora luta para encontrar um equilíbrio difícil entre uma retaliação bem calibrada e a pressão por negociações que permitam romper a escalada de tensões.
Em março, Trump anunciou tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio e, em seguida, anunciou tarifas de 25% sobre todos os carros fabricados no exterior, medidas que entraram em vigor na semana passada.
O terceiro e último passo, e possivelmente o mais ousado, foi o anúncio de tarifas de 20% sobre os bens da UE, entre uma série de outros impostos, que entram em vigor nesta quarta-feira.
A UE não anunciou como pretende responder aos pacotes de tarifas restantes, mas França, Alemanha e Áustria sugeriram atacar as principais empresas de tecnologia dos EUA se as negociações não produzirem resultados.
França e Alemanha pediram à UE que esteja pronta para implementar sua ferramenta mais poderosa, o "Instrumento Anticoerção", que limita o acesso ao mercado único para empresas de países terceiros quando as negociações não produzem resultados.
O objetivo declarado da UE é chegar a um acordo com o governo do presidente Donald Trump para evitar uma guerra comercial total.
- Pensar primeiro -
Diante dessa situação, a UE adotou, por enquanto, uma política de "pensar primeiro, agir depois".
A UE insiste que busca uma solução negociada. "Mais cedo ou mais tarde, estaremos sentados à mesa de negociações", disse o comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, na segunda-feira, à espera de um "compromisso mutuamente aceitável".
Sefcovic fez várias viagens a Washington para tentar encontrar uma solução negociada. A UE ofereceu inclusive tarifas zero sobre os bens industriais, mas esses esforços não mudaram a situação.
Um problema pode ser saber se o bloco está falando com as pessoas certas. Por exemplo, a UE admitiu que o influente assessor comercial de Trump, Peter Navarro, não participou das discussões.
As autoridades dos EUA identificaram problemas que, segundo elas, foram causados pelas regulamentações da UE sobre saúde e segurança, padrões ambientais e impostos de valor agregado.
"Qualquer um que queira vir falar conosco, que fale sobre a redução de suas barreiras não tarifárias", disse Navarro na segunda-feira, em uma entrevista à CNBC.
As autoridades em Washington também criticam as normas da UE sobre as plataformas digitais que, segundo elas, tratam as empresas americanas de forma injusta.
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