Lula chama tarifas de Trump de arbitrárias: 'Desestabilizam economia'
O presidente Lula criticou hoje as tarifas impostas por Donald Trump, durante a cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em Honduras, e afirmou que guerras comerciais "não têm vencedores".
O que aconteceu
Lula discursou durante a abertura da Celac, que reúne 33 países em Tegucigalpa, capital de Honduras. Sem citar os Estados Unidos, ele disse que "tarifas arbitrárias" desestabilizam a economia nacional e elevam os preços. "A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores", acrescentou.
O presidente também criticou políticas anti-imigração. "Migrantes são criminalizados e deportados sobre condições degradantes", disse, novamente sem citar o presidente americano.
Em seu discurso, Lula fez defesa da democracia e mencionou tentativa de golpe. "Indivíduos e empresas poderosas que se consideram acima da lei investem contra a soberania de nosso países", disse. "É trágico que tentativas de golpe de Estado voltem a fazer parte de nosso cotidiano".
Brasil levou três propostas à cúpula. O país propôs uma candidatura única da região à liderança da ONU, preferencialmente de uma mulher, no ano que vem. Também sugeriu reativar um grupo de trabalho sobre migrações e fazer uma declaração conjunta sobre mulheres, paz e segurança.
Reunião acontece após "tarifaço" de Trump. Como mostrou o colunista do UOL Jamil Chade, não há consenso entre os países sobre a declaração final da cúpula. O processo tem sido marcado por dissidências e gestos de aproximação de alguns governos latino-americanos em relação à Casa Branca. Um dos principais obstáculos é a Argentina, aliada de Trump.
Na segunda, Lula disse que as reservas internacionais do Brasil "seguram o país contra qualquer crise". Ele comentou as tarifas impostas por Trump durante um evento em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo. "Mesmo o presidente Trump falando o que ele quer falar, o Brasil está seguro porque nós temos um colchão de 350 bilhões que dá ao Brasil e ao Fernando Haddad uma certa tranquilidade".
Brasil voltou a integrar a Celac em 2023. O país saiu em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro. Na ocasião, o chanceler Ernesto Araújo alegou que o bloco "dava palco para regimes não-democráticos" como os da Venezuela, Cuba e Nicarágua.
Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência em uma nova divisão do globo entre super-potências. O momento exige que deixemos as diferenças de lado. Lula, em discurso na abertura da Celac