Censo: ensino médio integral cresce 12% no país; em SP, matrícula recua

O Censo Escolar 2024, divulgado hoje pelo MEC (Ministério da Educação), mostra que o Brasil registrou um aumento de 12% nas matrículas do ensino médio integral das escolas públicas, mas o estado de São Paulo mostrou um recuo.
O que aconteceu
De 2023 para 2024, houve um crescimento de 163 mil matrículas no ensino integral. São alunos do ensino médio da rede pública que ficam, em alguns casos, por até nove horas e meia dentro das unidades escolares. Ao todo, o país tem 6,7 milhões de estudantes no ensino médio em escolas públicas.
Já as matrículas do ensino integral público em São Paulo sofreram uma queda de 7.000 alunos em 2024. O número representa um recuo de 2% em relação aos 340 mil estudantes registrados no ano anterior pelo estado mais rico do país. Os dados levam em consideração estudantes vinculados as secretarias municipais, estadual e federal em São Paulo.
O Brasil registra tendência de crescimento da modalidade há pelo menos cinco anos. Em 2019, eram 933.725 matrículas de ensino integral no ensino médio público. Além do estado paulista, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima registraram recuos entre 1%, 10% e 15%, respectivamente.
Os estados do Nordeste continuam liderando os indicadores de ensino integral no país. Ceará, por exemplo, foi um dos locais em que mais aumentou o número de matrículas da modalidade na rede pública de 2023 para 2024. A jornada estendida é avaliada positivamente por especialistas de todo o mundo —essas unidades, geralmente, oferecem uma grade curricular diferente das escolas com horário tradicional.
O crescimento de ensino integral também é visto nos anos finais, que inclui as turmas entre o 6º ano e 9º ano. O Brasil saiu de 1.881.661 matrículas em 2023 para quase dois milhões, 1.994.348 —no último ano de pandemia, em 2022, eram 1.590.848 alunos vinculados às escolas de tempo integral.
Nessa categoria, São Paulo também retrocedeu. O número de alunos vinculados caiu de 582 mil em 2023 para 574 mil no ano passado. A redução de pouco mais de 7.000 estudantes representou um recuo de 1% —frente a um aumento de 6% em todo o país.
Apesar da tendência de crescimento, o Brasil não cumpriu a meta de garantir ensino integral para 25% dos alunos das escolas públicas. Hoje, são 21,1% do total das matrículas da rede pública na jornada estendida —no ensino médio, o índice vai para 23,1%. "O Censo Escolar mostra o tamanho do desafio do Brasil. O tamanho do desafio da educação básica", afirmou o ministro da Educação, Camilo Santana.
A divulgação do Censo Escolar 2024 estava prevista para 31 de janeiro. O Ministério da Educação e o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pelos dados, atrasaram para o dia de hoje e não esclareceram o motivo do atraso.
Brasil fica distante da meta de creche
O Censo Escolar também apontou que o Brasil registrou um leve aumento no acesso às creches, mas não alcançou a meta traçada em 2014. No ano passado, mais de 4,18 milhões de crianças entre 0 e 3 anos estavam matriculadas —um aumento de 64.818 mil em relação a 2023.
A meta do Plano Nacional de Educação previa que o país alcançasse 5 milhões de crianças dessa faixa etária nas creches até 2024. O indicador representa 50% do número total de crianças de 0 a 3 anos no país. A desigualdade regional é um dos desafios do Brasil para avançar nesse objetivo —na capital paulista, por exemplo, a prefeitura zerou a fila de creches.
O nosso desejo é que a gente tivesse pelo menos 50% das nossas crianças de 0 a 3 anos nas creches do Brasil. Claro que, repito, depende muito da liderança e da decisão política do prefeito e do governador em priorizar essas ações. O MEC tem procurado através de várias ferramentas, aumentando recursos, antecipando a manutenção de creche, garantir creche das nossas crianças.
Camilo Santana, ministro da Educação
Ao todo, o país teve uma redução de mais de 215 mil matrículas na educação básica de 2023 para 2024. A principal perda foi nos anos finais da rede pública de ensino —cerca de 220 mil alunos a menos em comparação com o ano anterior. A taxa de atendimento, entretanto, se manteve acima de 99%, segundo Carlos Moreno, diretor de Estatísticas Educacionais do Inep.
As matrículas chegaram a crescer de 2020, primeiro ano da pandemia, para 2021. Depois, passou a diminuir o número de alunos nas escolas públicas nessa etapa. Para efeitos de comparação, em 2019 eram 10 milhões de estudantes do 6º ao 9º ano na rede pública, hoje são 9,5 milhões. O ciclo é conhecido como a "etapa esquecida" da educação básica por se tratar de uma fase de transição —não é a alfabetização, nem o ensino médio, quando o aluno encerra seu período na escola.