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Preço do café afeta popularidade de Lula, diz jornal francês

08/04/2025 10h18

O jornal francês Le Figaro desta terça-feira (8) aponta para o descontentamento dos brasileiros com o aumento de 40% no valor do café desde o ano passado. Segundo o diário, os consumidores ignoram que a situação ocorre por causa das mudanças climáticas e culpam o governo do presidente Lula.

O jornal francês Le Figaro desta terça-feira (8) aponta para o descontentamento dos brasileiros com o aumento de 40% no valor do café desde o ano passado. Segundo o diário, os consumidores ignoram que a situação ocorre por causa das mudanças climáticas e culpam o governo do presidente Lula.

A correspondente do Le Figaro no Rio de Janeiro, Eléonore Hughes, abre a matéria explicando aos leitores que "no Brasil, o cafezinho é uma verdadeira instituição". Uma prova disso é que os brasileiros chamam a primeira refeição do dia literalmente de "café da manhã" em vez de "desjejum", como em francês e outras línguas latinas. Além disso, reitera a jornalista, em refeitórios e escritórios de norte a sul do Brasil, sempre tem uma garrafa térmica à disposição com café fresco. No entanto, esse hábito está mudando porque a alta de preço da bebida pesa e muito no bolso dos brasileiros, relata a jornalista. 

O principal motivo da disparada no preço do café são as mudanças climáticas. Porém, muita gente tem apontado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um dos responsáveis pela situação, aponta a reportagem. "A população culpa o governo de Lula que, durante a campanha presidencial de 2022, fez da redução dos preços dos alimentos básicos - como o café - uma de suas principais promessas", diz a matéria.

Em entrevista ao Figaro, o pesquisador Felippe Serigati, do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, explica que desde o início do ano passado, devido ao fenômeno El Niño, as plantações começaram a ser afetadas no Vietnã e na Indonésia, dois dos maiores produtores de café no mundo, dando início ao aumento nos valores. 

Secas e ondas de calor

As colheitas no Brasil também foram impactadas pelo aumento de temperaturas, principalmente no sudeste, região que mais produz café, vítima de secas e ondas de calor. Segundo Le Figaro, 85% dos produtores no Brasil foram afetados pelo fenômeno. E os prejuízos continuarão em 2025, com uma previsão de queda de 4,4% na produção total do produto e 12,4% no que diz respeito ao grão arábica, majoritário no Brasil. 

"Os problemas relacionados à oferta surgem enquanto a demanda aumenta, especialmente na China. Resultado: os preços disparam", explica Le Figaro. Para o consumidor, a alternativa é comprar menos café, enquanto nas redes sociais viralizam vídeos de usuários escondendo cafeteiras ao receber convidados em casa, em referência ao costume brasileiro de oferecer "um cafezinho", explica o jornal.

O fenômeno ocorre em um momento em que a popularidade de Lula atinge uma queda recorde desde o início de seu terceiro mandato, com uma desaprovação de 56%. Em entrevista ao diário, consumidores dizem esperar que o governo atenue a situação. No início de março, o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou uma série de medidas para tentar conter a inflação, sem sucesso.

Le Figaro ainda lembra que segundo um estudo realizado em 2017, devido às mudanças climáticas, as áreas de cultivo de café no sudeste do Brasil podem sofrer uma diminuição entre 20% e 60%.

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