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Norueguesa Scatec mira leilão para trazer baterias ao Brasil, quer diversificar para eólica

08/04/2025 14h46

Por Leticia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A norueguesa Scatec está estudando o leilão de baterias para trazer projetos da tecnologia ao Brasil, ao mesmo tempo em que busca oportunidades de diversificar seu portfólio para a fonte eólica, afirmou nesta terça-feira o gerente geral da empresa para o país, Aleksander Skaare.

Segundo o executivo, o Brasil é um dos quatro mercados prioritários da geradora renovável, que tem atuação focada em países emergentes. Em um momento de turbulências geopolíticas e guerras tarifárias, o país apresenta estabilidade e previsibilidade nas esferas jurídica e regulatória que são essenciais para desenvolvimento de negócios, disse ele.

A companhia norueguesa já tem grandes projetos solares operacionais e em construção no Brasil, e agora está buscando novas oportunidades para crescer, seja trazendo novas soluções, como os sistemas de armazenamento de energia, seja em fontes nas quais ainda não opera localmente, como a eólica.

Diante do cenário desafiador para o lançamento novos empreendimentos de geração devido à sobreoferta de energia no país, uma potencial frente de negócios está no leilão que o governo brasileiro planeja para contratar baterias e sistemas de armazenamento para o setor elétrico.

"Estamos aguardando o leilão... Temos projetos híbridos e (bateria) 'stand-alone', temos a capacidade e histórico de fazer ambas as coisas. Vai depender de como vão ser definidas as regras do jogo, a regulação, para saber como implementar e como vai ser remunerado", ressaltou Skaare, em apresentação a jornalistas nesta terça-feira.

A Scatec está desenvolvendo grandes projetos de armazenamento de energia na África do Sul, Egito e Filipinas, mercados que, junto do Brasil, estão nas prioridades para negócios nos próximos anos. São empreendimentos que estão acoplados a usinas solares e até mesmo hidrelétricas, ou funcionarão de forma autônoma.

"Temos a confiança de diferentes governos que a gente consegue entregar (projetos de baterias)... Queremos trazer isso para o Brasil, estamos sendo bem proativos", destacou.

Em paralelo, a companhia quer diversificar sua plataforma de geração renovável no Brasil para a fonte eólica.

"Estamos avaliando projetos que estão no início de desenvolvimento, seja através de parceiros ou com pessoal próprio... A gente já tem um portfólio robusto de solar, então faz muito sentido diversificar para energias alternativas, nesse caso a eólica", disse o executivo.

Atualmente, a Scatec tem em análise entre 800 megawatts (MW) e 1 gigawatt (GW) de projetos renováveis, concentrados principalmente no Nordeste, nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, e em Minas Gerais.

A empresa já tem dois grandes empreendimentos solares operacionais em parceria com a Equinor no Nordeste, com energia contratada junto a grandes consumidores, como a Alunorte. Também está construindo uma terceira usina solar em Minas Gerais, com expectativa de entrada em operação até o início de 2026.

Apesar das dificuldades conjunturais do segmento de energias renováveis, afetado ainda por cortes de geração impostos na operação do setor elétrico, Skaare afirmou que o Brasil se destaca pela segurança jurídica e regulatória, aspecto importante em um momento em que investimentos em energias limpas estão sendo reavaliados diante das mudanças de agenda em mercados importantes como os EUA, com a aposta do governo Trump na indústria de óleo e gás.

"É importante para que isso (segurança jurídica e regulatória) continue, para não assustar (o investidor)", afirmou.

Em relação à guerra tarifária envolvendo EUA e China, ele vê incertezas sobre os preços dos módulos solares, com a cadeia de fornecimento praticamente toda concentrada na China.

"Teve uma queda significativa dos preços (dos módulos), não era sustentável... Essa indicação de que os preços iam subir já iniciou antes da guerra tarifária, só que agora este é outro ponto relevante a ser analisado... Algum impacto vai ter", disse.

Ele ponderou que a situação para os geradores no Brasil passa ser mais "preocupante" considerando a revisão de impostos promovida pelo governo brasileiro anteriormente, com revogação de ex-tarifário e elevação de imposto de importação dos painéis.

(Por Letícia Fucuchima)

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