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'Não é um projeto imobiliário': Macron apela a uma rápida retomada da ajuda humanitária em Gaza

08/04/2025 15h48

Emmanuel Macron afirmou, nesta terça-feira (8), que a recuperação da ajuda humanitária na Faixa de Gaza era "a prioridade das prioridades" durante uma visita a al-Arich, um posto egípcio de apoio humanitário a Gaza, onde a situação é "intolerável", segundo o presidente francês.

Questionado nesta terça-feira (8), durante uma coletiva de imprensa em al-Arich, sobre as declarações de Donald Trump, que mencionou uma possível tomada de controle da Faixa de Gaza pelos Estados Unidos para reconstruí-la e transformá-la na "Riviera do Oriente Médio", Macron respondeu que o território palestino "não é um projeto imobiliário".

"A realidade é que você tem 2 milhões de pessoas que estão aprisionadas (...) Depois de meses e meses de bombardeios em uma guerra terrível, dezenas de milhares de pessoas perderam a vida. Você tem dezenas de milhares de crianças mutiladas, sem família. É sobre isso que estamos falando quando falamos de Gaza. Não se trata de um projeto imobiliário", destacou Macron.

Visita rara

A rara visita de um líder europeu às proximidades da Faixa de Gaza ocorre em um contexto tenso, enquanto Israel retomou suas operações militares em 18 de março, após dois meses de cessar-fogo. Além disso, Israel bloqueia a entrada de ajuda humanitária em Gaza desde 2 de março.

"A situação hoje é insustentável e nunca foi tão grave", declarou o presidente francês, pedindo uma "retomada o mais rapidamente possível da ajuda humanitária", que, para ele, é "a prioridade das prioridades".

Quase a totalidade dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza foram deslocados pelo menos uma vez pelos combates e vivem em um território devastado e sitiado desde o início da guerra desencadeada em 7 de outubro de 2023 pela inédita ataque do movimento islâmico palestino Hamas a Israel.

Recebido em al-Arich pelo seu homólogo egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, Macron também condenou "veementemente" os ataques contra trabalhadores humanitários e socorristas na Faixa de Gaza, duas semanas após a morte de profissionais mortos por tiros israelenses no território palestino.

"Nós condenamos obviamente com veemência esses ataques, e depois a verdade deve ser estabelecida como deve ser, porque o mundo tem regras, e isso é bom", afirmou.

Em 23 de março, 15 pessoas foram mortas por tiros israelenses contra ambulâncias em Rafah, ponto de passagem entre o Egito e Gaza, a 50 km de al-Arich, segundo a ONU e o Crescente Vermelho palestino. O incidente gerou um protesto internacional, e o chefe do exército israelense ordenou, na segunda-feira, uma "investigação mais profunda".

"Não é um projeto imobiliário" 

"A proteção dos civis e do pessoal humanitário, bem como o pleno acesso da ajuda humanitária, são obrigações sob o direito internacional e o direito internacional humanitário e devem ser respeitadas", já haviam afirmado na segunda-feira, no Cairo, os presidentes Macron e al-Sissi, juntamente com o rei Abdallah II da Jordânia, em uma declaração conjunta.

Eles também "pediram um retorno imediato ao cessar-fogo para que os palestinos sejam protegidos e recebam ajuda humanitária em quantidade e o mais rápido possível."

Uma mensagem repetida ao vivo para Donald Trump em uma chamada telefônica a quatro, pouco antes do presidente norte-americano receber o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca.

Desde outubro de 2023, mais de 330 trabalhadores humanitários, a maioria pertencente à UNRWA, a agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, foram mortos na Faixa de Gaza, segundo dados da ONU de novembro.

(Com AFP)

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