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Funcionários da Eletronuclear entram em greve por reajuste salarial e contra demissões

08/04/2025 09h57

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Funcionários da Eletronuclear iniciaram nesta terça-feira uma paralisação por tempo indeterminado para pressionar a estatal a conceder aumento salarial, manutenção de benefícios e a recuar no desligamento compulsório de aposentados previsto para este ano.

A empresa, operadora das usinas Angra 1 e 2, afirmou que foi informada da paralisação na central nuclear e que "adotou todas as medidas necessárias para garantir a continuidade das atividades, conforme os protocolos internos de segurança e as rigorosas normas regulatórias do setor nuclear".

"A Eletronuclear informa que a unidade Angra 2 segue operando com plena segurança, sem qualquer impacto nas atividades essenciais. Já a unidade Angra 1 segue normalmente com suas atividades de parada programada para troca de combustível", disse a Eletronuclear em nota.

A companhia adicionou que também foi informada sobre a paralisação dos empregados da sede, na cidade do Rio de Janeiro, prevista para começar na quinta-feira, com duração de 24 horas.

Empregados da Eletronuclear, que exigem da empresa a assinatura de um acordo coletivo com a categoria, estão se concentrando na manhã desta terça-feira na porta da unidade em Angra dos Reis.

Os manifestantes carregam faixas e cartazes e usam sistema de som para fazer cobranças à direção da Eletronuclear, que vem implementando uma série de medidas de cortes de custos e redução de seu quadro devido a um desequilíbrio financeiro.

Procurado, o sindicato que representa os trabalhadores da Eletrobras afirmou que a intenção não é afetar a geração de energia e nem mesmo a segurança das plantas, e que foi garantida a entrada de funcionários em número suficiente para que se possa fazer a segurança da usina e a manutenção dentro das condições necessárias.

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica nos Municípios de Parati e Angra dos Reis reiterou que os trabalhadores querem a manutenção do acordo trabalhista, como se encontra, e a aplicação do IPCA, que deveria ser aplicado em maio de 2024, e até agora não teria sido aplicado.

O sindicato quer a manutenção de cláusulas que impedem demissão "em massa" e que garantam a manutenção de benefícios, como férias, décimo terceiro, hora extra e outras questões.

A estatal nuclear abriu no ano passado um plano de demissão voluntária (PDV), mas apenas 133 empregados aderiram. Como a meta do PDV não foi alcançada, a Eletronuclear decidiu desligar este ano 90 funcionários já aposentados, buscando maior equilíbrio econômico-financeiro.

A Eletronuclear informou que apresentou proposta de acordo com reajuste integral de salários e benefícios pelo IPCA, em percentual de 3,69%, no âmbito das negociações para o próximo acordo coletivo.

Segundo a empresa, as entidades sindicais condicionam a assinatura do acordo à inclusão de cláusula que lhes dá participação no poder de gestão da companhia.

"Desta forma, a Eletronuclear ficaria obrigada a ter anuência destas entidades para poder modificar normativos internos, o que fere a legislação vigente... e suas próprias regras de governança", explicou.

"A Eletronuclear reforça que está aberta ao diálogo com as entidades sindicais, tendo mantida sua proposta de acordo com reajuste integral do IPCA para salários e benefícios. A questão segue agora na esfera da Justiça trabalhista e a empresa continua buscando um entendimento, até o momento sem sucesso."

(Por Rodrigo Viga Gaier em Rio de Janeiro)

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