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Fux não criticou ministros do STF e sua fala é anterior à posse de Trump

8.abr.2025 - Fala de Fux é de 2024 durante julgamento sobre porte de maconha - Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram
8.abr.2025 - Fala de Fux é de 2024 durante julgamento sobre porte de maconha Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram
do UOL

Ricardo Espina

Colaboração para o UOL

08/04/2025 16h09

Um discurso de Luiz Fux, no qual ele diz que os ministros do STF não são "juízes eleitos" e que "o Brasil não tem governo de juízes", era uma crítica à classe política, e não aos seus colegas de toga, ao contrário do que insinuam posts nas redes sociais.

Além disso, o pronunciamento de Fux não tem relação com as ações de Donald Trump nem com a ida do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos Estados Unidos. A fala foi feita em junho de 2024, quando o presidente norte-americano era Joe Biden e o filho de Bolsonaro ainda estava no Brasil.

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O UOL Confere considera distorcido conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.

O que diz o post

O post traz o seguinte texto: "Efeito Trump ! Fux faz crítica arrasadora à militância do STF". A mensagem está sobreposta ao vídeo de um discurso do ministro, que diz em um trecho: "Nós não somos juízes eleitos. O Brasil não tem governo de juízes. E é por isso, e aqui foi mencionado pelo ministro Dias Toffoli, que se afirma e se critica o denominado ativismo judicial".

Sobre uma foto dos ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, a mensagem "Eduardo Bolsonaro, Parabéns!" completa a publicação.

Por que é distorcido

Fux criticou políticos, e não os ministros do STF. A fala de Fux foi registrada durante o voto dele no julgamento que descriminalizou a maconha para uso pessoal (aqui e aqui). O ministro criticou a classe política por "empurrar" problemas para o Judiciário, causando uma grande exposição do Supremo e questionamentos sobre sua credibilidade (aqui e abaixo).

O Poder Judiciário é instado, as instâncias próprias não resolvem os problemas e o preço social é pago pelo Judiciário. Por quê? Porque nós não somos juízes eleitos, nós não devemos satisfação ao eleitor, então manda para o Poder Judiciário. Aí inicia-se o uso imoderado das ações constitucionais e o Supremo Tribunal Federal passa a não gozar de confiança legítima da sociedade. Essa prática tem exposto o Poder Judiciário, em especial o STF, a um protagonismo deletério, corroendo a credibilidade dos tribunais quando decidem questões permeadas por desacordos morais que deveriam ser decididas na área política. É lá que tem que ser decidido, é lá que tem que pagar o preço social. Nós temos que ter deferência, porque num Estado democrático a instância maior é o Parlamento.
Luiz Fux

Discurso de Fux é de 2024. O pronunciamento ocorreu em 25 junho do ano passado. Na época, Joe Biden era o presidente dos EUA e Eduardo Bolsonaro ainda estava no Brasil.

Trump foi eleito em novembro de 2024. O republicano foi declarado vencedor das eleições norte-americanas em 6 de novembro, após derrotar Kamala Harris nas urnas (aqui), e tomou posse em 20 de janeiro (aqui). Os dois atos são posteriores ao discurso de Fux utilizado pelos posts enganosos.

Eduardo Bolsonaro está nos EUA desde março. No mês passado, o deputado federal anunciou seu pedido de licença do cargo para permanecer nos EUA, onde está desde o fim de fevereiro, com o intuito de buscar punições contra o ministro Alexandre de Moraes (aqui). A viagem do parlamentar também ocorreu após o discurso de Fux e os dois fatos não apresentam qualquer relação.

Viralização. Um post no Instagram tinha mais de 1.500 curtidas até hoje.

Este conteúdo também foi checado por Aos Fatos e Reuters.

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