Trump não taxou aço e alumínio do Brasil após Lula pedir para 'falar manso'

Publicações nas redes sociais enganam ao insinuar que Donald Trump taxou o aço e alumínio importados do Brasil como uma forma de retaliação após Lula dizer para o presidente norte-americano "falar manso".
A decisão de Trump em aplicar uma tarifa de 25% sobre os dois metais atinge todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos, não apenas o Brasil, e foi anunciada em 9 de fevereiro. Já a declaração de Lula foi dada em 11 de março, véspera da entrada em vigor das novas alíquotas.
O UOL Confere considera distorcido conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.
O que diz o post
A postagem reproduz duas notícias de veículos brasileiros. A primeira é do portal Metrópoles, cujo título é "Lula manda recado para Trump: 'Fale manso comigo" e foi publicada em 11 de março às 13h51. Já a segunda é do jornal Folha de S.Paulo: "EUA confirmam tarifa de 25% sobre aço e alumínio do Brasil a partir desta quarta (12)", que foi ao ar às 18h13 do mesmo dia.
A peça desinformativa dá a entender que há uma relação de causa e efeito entre os dois fatos, insinuando que a declaração de Lula levou Trump a responder com uma retaliação que atingiria apenas o Brasil.
"Lula truca e Trump pede 6", diz a mensagem que abre o post, que ainda traz uma foto de Lula de cabeça baixa e cobrindo o rosto com a mão e uma imagem de Trump com um sorriso e dedo em riste.
Por que é distorcido
Trump anunciou taxas sobre aço e alumínio em fevereiro. No dia 9 daquele mês, Trump anunciou o aumento nas tarifas para o aço e alumínio de todos os países. O presidente dos EUA assinou a decisão, que impôs uma taxa de 25% para esses dois produtos, no dia seguinte. O Brasil foi um dos países mais afetados (aqui, aqui e abaixo). Em 5 de março, Trump ratificou a medida em um discurso no Congresso (aqui). As novas alíquotas entraram em vigor uma semana depois (aqui).
Fala de Lula sobre Trump aconteceu em março. Após o anúncio de Trump, o governo brasileiro, intermediado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), tentou negociar a redução das taxas (aqui). Dentro deste contexto e na véspera da entrada em vigor do aumento das tarifas, Lula disse para o presidente dos EUA "falar manso e com respeito com ele", em uma crítica à falta de diálogo com o republicano (aqui, aqui e abaixo).
Não há relação de causa e efeito entre fala de Lula e decisão de Trump. De fato, tanto a reportagem do Metrópoles (aqui) como a da Folha de S.Paulo (aqui) foram veiculadas no dia e horários indicados pelas publicações desinformativas. Porém, em momento algum elas relacionam a medida tomada por Trump a qualquer forma de retaliação pelas declarações dadas por Lula.
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