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"Remédio" tarifário de Trump derruba mercados, Wall St oscila após falas sobre pausa

07/04/2025 12h02

Por Susan Heavey e David Lawder e Philip Blenkinsop

WASHINGTON/BRUSSELS (Reuters) - Os planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltaram a abalar os mercados globais nesta segunda-feira depois que ele disse que os governos estrangeiros teriam que pagar "muito dinheiro" para que as taxas sejam removidas, enquanto os mercados acionários dos EUA tiveram breve alta com sugestões de uma pausa e voltaram a cair em seguida.

As ações asiáticas e europeias despencaram e os preços do petróleo caíam já que os investidores temem que as taxas que Trump comparou a "remédios para consertar algo" no fim de semana possam levar a preços mais altos, demanda mais fraca e, possivelmente, a uma recessão global.

As bolsas dos EUA também caíram inicialmente, mas se recuperaram depois que o assessor da Casa Branca, Kevin Hassett, disse à CNBC que Trump estava avaliando uma pausa de 90 dias nas tarifas para todos os países, exceto a China.

As ações voltaram a cair depois que a emissora citou a Casa Branca dizendo que o comentário sobre a pausa é uma "notícia falsa".

A União Europeia, que tem se mostrado dividida quanto à forma de reagir contra Washington sem correr o risco de causar mais sofrimento para suas próprias empresas e consumidores, disse que quer negociar, mas que também está pronta para retaliar. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE ofereceu a Trump tarifas "zero por zero" sobre produtos industriais.

O Goldman Sachs aumentou as chances de uma recessão nos EUA nos próximos 12 meses para 45% , juntando-se a outros bancos de investimento que revisaram suas previsões. Os economistas do JPMorgan agora estimam que as tarifas empurrarão a economia dos EUA para uma contração de 0,3%, abaixo de uma estimativa anterior de crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto.

"As pessoas temem que o pior ainda esteja por vir. Elas estão preocupadas com uma quebra do mercado", disse Robert Pavlik, gerente sênior de portfólio da Dakota Wealth Management.

"Elas estão preocupadas com o que virá em seguida - uma recessão interna e depois global, levando a uma possível depressão."

Trump não demonstrou nenhum sinal de relaxamento de sua política tarifária no início desta segunda-feira, criticando a China por revidar com tarifas retaliatórias e repetindo o pedido para que o Federal Reserve corte a taxa de juros.

"Os Estados Unidos têm a chance de fazer algo que deveria ter sido feito DÉCADAS ATRÁS. Não sejam fracos! Não sejam estúpidos!", escreveu ele nas mídias sociais.

Falando com os repórteres a bordo do Air Force One no domingo, ele também ignorou as perdas que eliminaram trilhões de dólares dos mercados de ações mundiais.

"Não quero que nada caia. Mas, às vezes, é preciso tomar remédios para consertar alguma coisa", disse ele ao retornar de um fim de semana de golfe na Flórida.

Enquanto o círculo de Trump respondia aos críticos, o assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, disse que falar de recessão é "bobagem".

Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, disse separadamente que Trump havia conversado com líderes mundiais durante todo o fim de semana e que ouviria propostas de grandes acordos.

"Ele está dobrando a aposta em algo que sabe que funciona e vai continuar fazendo isso", disse ele na Fox News. "Mas também vai ouvir nossos parceiros comerciais e, se eles nos apresentarem acordos realmente excelentes que beneficiem a manufatura e os agricultores norte-americanos, tenho certeza de que ele os ouvirá."

O anúncio das tarifas foi recebido com uma condenação perplexa de outros líderes e desencadeou taxas retaliatórias da China, a segunda economia do mundo, que chamou o comportamento de Trump de "bullying econômico".

Depois que as ações da China continental e de Hong Kong despencaram nesta segunda-feira, um fundo soberano da China entrou em cena para tentar estabilizar o mercado.

TÁTICA OU NOVO REGIME?

Investidores e líderes políticos têm se esforçado para determinar se as tarifas de Trump fazem parte de um novo regime permanente ou se são uma tática de negociação para obter concessões de outros países.

"Estamos prontos para negociar com os EUA. De fato, oferecemos tarifas zero por zero para produtos industriais, como fizemos com sucesso com muitos outros parceiros comerciais", disse von der Leyen, da UE.

Alguns membros da UE temem que uma resposta enérgica possa causar ainda mais danos aos exportadores europeus de produtos que vão desde o conhaque francês e o vinho italiano até os carros alemães.

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, um dos aliados mais próximos de Washington na Ásia, fez uma ligação telefônica com Trump para pressionar por um acordo e disse que visitará Washington em um momento apropriado.

Os investidores agora estão apostando que o risco crescente de recessão poderá fazer com que o Federal Reserve corte a taxa de juros dos EUA já no próximo mês. No entanto, até o momento, o chefe do Fed, Jerome Powell, indicou que não tem pressa.

(Texto de Andy Sullivan, John Geddie, Matthias Williams)

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