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Israel comete "genocídio diante dos olhos do mundo" diz relatora da ONU para territórios palestinos ocupados

07/04/2025 11h06

A relatora especial das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos ocupados, Francesa Albanese, teve seu mandato renovado na sexta-feira (4) e ficará no cargo até 2028. Ela não dá ouvidos às críticas contra o seu trabalho e continua a denunciar a violência de Israel na Faixa de Gaza. Em entrevista à RFI, nesta segunda-feira (7), a italiana reafirma que o Estado judeu comete "um genocídio diante dos olhos do mundo e ninguém consegue parar isso". Ela cita as mortes de 18 mil crianças palestinas pelos militares israelenses, o que deveria ser considerado "algo vergonhoso", acrescenta.

Francesca Albanese denunciou a retomada dos ataques israelenses em Gaza desde o dia 17 de março e as terríveis consequências para a população civil. De acordo com suas observações, a situação na Faixa de Gaza é horrível. "Não há palavras para descrevê-la. A carnificina é diária, mesmo que a grande mídia não fale", afirma. "Israel retomou o seu bombardeio furioso na Faixa de Gaza, matando centenas de pessoas, inclusive funcionários da Cruz Vermelha", denuncia.

Para a relatora especial das Nações Unidas (ONU) para os territórios palestinos, a única maneira de impedir que isso continue a acontecer seria "parar a mão armada de Israel". Para isso, ela pede o cumprimento da lei internacional: "o Tribunal Internacional de Justiça diz que não devemos transferir armamento para Israel", ressalta.

"Infelizmente, o risco é de que a situação só piore", alerta Albanese. Ela lembra que há um mês não chegam alimentos e ajuda humanitária ao enclave palestino. "Não sabemos sequer quantas pessoas estão morrendo, não por balas, mas de doenças que não podem ser tratadas ou de infecções devido a essa situação impossível", lamenta. "Não há outra situação como essa no mundo, na história. É por isso que esse teatro de brutalidade em Gaza é sem precedentes", diz. 

Tratativas de paz

O presidente francês, Emmanuel Macron, está em visita ao Egito nesta segunda e terça-feiras, com o objetivo de apoiar o plano árabe para o fim da guerra na Faixa de Gaza. Em nota, a sede da presidência francesa indicou que Macron quer "marcar a sua mobilização" e responder com urgência ao caos humanitário no enclave palestino, após a retomada dos bombardeios israelenses no local. No Cairo, Macron se reuniu com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, e participa de uma cúpula França-Egito e Jordânia sobre a questão. 

"Eu espero que possam discutir como resolver a situação, porque não é só em Gaza, mas também nos territórios ocupados da Cisjordânia e Jerusalém leste falta um alinhamento com o que diz a justiça internacional", explica Francesa Albanese. "Há uma decisão da Corte Internacional de Justiça que diz que Israel deve retirar as tropas, desmantelar as colônias e acabar com o controle nos territórios palestinos ocupados até setembro deste ano", destaca. "Esse é o único futuro possível para garantir a segurança e a paz a palestinos e israelenses", acredita a relatora da ONU.  

"Intenção de destruir um povo"

"Falamos de cessar-fogo, mas para mim é cessar o genocídio", afirma Francesca Albanese, que já foi criticada por conservadores israelenses e americanos por usar esse termo em sua atuação junto à ONU. "Eu não sou a única a utilizar o termo genocídio, embora eu o utilize há mais de um ano", diz. "Hoje em dia, a Anistia Internacional, historiadores israelenses e a maior parte das organizações de Direitos Humanos dizem a mesma coisa", afirma. "É impossível não notar a intenção de destruir um povo", reforça Albanese, em Paris. "O governo de Israel pode negar a palavra genocídio, mas há muitas provas da determinação de destruir Gaza, incluindo as crianças", pontua. "A vida dos palestinos foi tão desumanizada que matá-los virou quase um jogo para os jovens militares israelenses, não significa nada", afirma. 

A relatora também comentou a posição dos Estados Unidos ao defenderem Israel. Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está em Washington. "Não me surpreende que o governo dos Estados Unidos apoie Netanyahu, o que me dá medo é a falta de liderança em nível europeu para fazer frente a esta aliança para o crime", denuncia. Francesca Albanese lembra que Netanyahu tem um mandado de prisão da Corte Pena Internacional por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. "E no lugar de defender a decisão da Justiça, todos temem enfrentar os Estados Unidos", conclui.  

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