Sai Milton, entra Miguel: por que quatro nomes de furacões irão mudar?
O Comitê de Furacões da Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) anunciou, na última quarta-feira, a aposentadoria de quatro nomes que eram utilizados para identificar furacões. A organização revelou, também, quais são os substitutos que entraram na lista.
O que aconteceu
Nomes foram aposentados porque tempestades foram extremamente destrutivas. Normalmente, os nomes são reutilizados a cada seis anos, mas as tempestades que terão os nomes "aposentados" foram graves, com alto poder de destruição e mortes. "A temporada de furacões no Atlântico de 2024 foi a nona temporada consecutiva com atividade acima da média", diz o comunicado.
Nomes aposentados foram John, Beryl, Helene e Milton. Na lista de nomes usados para identificar furacões no Pacífico, John será substituído por Jake. Já nas opções para furacões no Atlântico, Beryl será substituído por Brianna; Helene será substituído por Holly; Milton será substituído por Miguel.
Furacões causaram catástrofes em 2024
As quatro tempestades deixaram um rastro de destruição por onde passaram. Beryl, por exemplo, foi o furacão de categoria 5 registrado de forma mais precoce na bacia do Atlântico, com grandes impactos no Caribe no início de julho de 2024. Segundo a WMO, Carriacou e Petite Martinique, ilhas em Granada atingidas pela tempestade, tiveram mais de 98% das casas danificadas ou destruídas. Ao menos 34 pessoas morreram.
Os furacões Helene e Milton causaram danos nos Estados Unidos. As tempestades aconteceram em um curto período: a primeira no final de setembro e a segunda no início de outubro. Segundo o Centro Nacional de Furacões (NOAA, na sigla em inglês), o furacão Helene, que atingiu diferentes estados, foi responsável por pelo menos 249 mortes no país, sendo o mais mortal nos Estados Unidos desde o Katrina, em 2005. "Os danos [causados por Helene] foram estimados em US$ 78,7 bilhões [mais de R$ 450 bilhões, conforme cotação atual], tornando-o o 7º furacão mais caro dos EUA", diz a WMO.
Milton se concentrou na Flórida. A tempestade atingiu a costa com ventos de mais de 190 km/h. Quando ainda estava no Golfo do México, no entanto, Milton chegou a apresentar ventos de mais de 285 km/h. O NOAA estima que os estragos provocados pela tempestade ultrapassem os US$ 34,3 bilhões (mais de R$ 198 bilhões).
O furacão John desencadeou inundações mortais e prolongadas no estado mexicano de Guerrero. De acordo com a WMO, as inundações foram extensas no sul do México e causaram 29 mortes. Em passagem no mês de setembro, o furacão John danificou mais de 150 mil casas e causou interrupção generalizada no transporte e na energia.
Por que a WMO usa nome de pessoas nos furacões?
Ciclones tropicais recebem nomes próprios por razões de segurança. "Nomear ciclones tropicais provou ser a maneira mais rápida de comunicar alertas e aumentar a conscientização e a preparação do público", explica a WMO. Os alertas emitidos pelas autoridades responsáveis são um dos principais meios para mitigar os riscos dos furacões, reduzindo o eventual número de mortos.
O uso de nomes para as tempestades começou no século 20, apenas com nomes femininos. Para organizar o sistema, os meteorologistas decidiram identificar os furacões usando a ordem alfabética: a primeira tempestade do ano receberia um nome que começasse com A, a segunda com a letra B, e assim sucessivamente. Os nomes masculinos foram introduzidos somente em 1979, alternando com nomes femininos anualmente nas tempestades do Atlântico e do Hemisfério Sul. Em outras regiões, os nomes escolhidos seguem a ordem alfabética dos países envolvidos.
Segundo a organização, atribuir nomes a ciclones tropicais simplifica o rastreamento e a divulgação de furacões, especialmente quando várias tempestades estão ativas ao mesmo tempo. "Nomear [os furacões] também ajuda a evitar confusão entre meteorologistas, a mídia, as agências de gerenciamento de emergência e o público".
A lista tem nomes não compostos e é utilizada de forma rotativa. "Os nomes são repetidos a cada seis anos, a menos que uma tempestade seja tão mortal que seu nome seja aposentado", pontua a WMO.
Confira a lista para a temporada de 2025 no Atlântico, divulgada pelo NOAA*:
- Andrea
- Barry
- Chantal
- Dexter
- Erin
- Fernand
- Gabrielle
- Humberto
- Imelda
- Jerry
- Karen
- Lorenzo
- Melissa
- Nestor
- Olga
- Pablo
- Rebekah
- Sebastien
- Tanya
- Van
- Wendy
*os nomes Brianna, Holly e Miguel não estão na lista pois, conforme indicado anteriormente, os nomes femininos e masculinos são alternados a cada ano. Como Beryl, Helene e Milton foram utilizados em 2024, os nomes que correspondem a estas letras terão o gênero contrário em 2025.