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EUA: expulso da Câmara, George Santos pode ser condenado a 7 anos de prisão

O ex-congressista republicano de origem brasileira George Santos foi expulso do Congresso após ser acusado de corrupção - ALEX WONG/Getty Images via AFP
O ex-congressista republicano de origem brasileira George Santos foi expulso do Congresso após ser acusado de corrupção Imagem: ALEX WONG/Getty Images via AFP
do UOL

Do UOL, em São Paulo

05/04/2025 17h39

O ex-deputado republicano dos Estados Unidos George Santos, 36, pode ser condenado a sete anos e três meses de prisão, se a Justiça dos EUA aceitar a denúncia dos promotores federais.

O que aconteceu

"Rede descarada de enganos", definiram os promotores sobre a conduta de Santos. De acordo com a denúncia, o ex-deputado enganou eleitores e alimentou a própria ascensão política por meio de mentiras, roubos e fraudes de identidade.

Fraudes em arrecadação. Os promotores alegam que Santos, com a ajuda da ex-tesoureira de campanha Nancy Marks, falsificou os registros da Comissão Eleitoral Federal, fabricando contribuições de doadores e inflando os totais de arrecadação de fundos para atingir o limite de US$ 250 mil (cerca de R$ 1,4 milhão, na cotação atual). O valor era necessário para se qualificar dentro do Partido Republicano a disputar uma cadeira por um distrito de Nova York durante a campanha eleitoral de 2022. Marks se declarou culpada e aguarda a sentença em junho.

Doações falsas. Quando informado de que não havia atingido o valor necessário, Santos enviou uma mensagem de texto a um associado: "Vamos fazer isso de forma um pouco diferente". Segundo os promotores, a abordagem diferente incluía o envio de doações falsas atribuídas a familiares, indivíduos fictícios e até mesmo identidades roubadas de apoiadores idosos.

Os promotores recomendaram uma sentença de mais de sete anos de prisão. "Santos planejou e executou uma variedade de esquemas fraudulentos e alavancou uma história de vida fictícia para enriquecer e capturar um dos mais altos cargos do governo dos Estados Unidos", disseram os promotores.

A equipe jurídica de Santos pediu uma sentença de dois anos. O advogado dele, Andrew Mancilla, afirmou que os promotores estavam vendendo uma narrativa falsa ao tribunal. "O governo quer manchetes, não justiça. Essa demanda vingativa de 87 meses ignora as normas de sentença para casos semelhantes", declarou o defensor à imprensa dos EUA. Mancilla argumentou ainda que Santos reconheceu a gravidade de seus crimes e concordou em pagar quase US$ 375 mil (R$ 2,1 milhões, na cotação atual) em restituição.

O político acumula 23 acusações criminais. Os processos incluem fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e roubo de dinheiro público. Há também uma suspeita de que tenha usado dinheiro de campanha eleitoral para comprar artigos de luxo.

A sentença do ex-congressista será publicada no dia 25 de abril. Santos é filho de brasileiros e se tornou o sexto deputado a ser expulso na história do Congresso americano, após um mandato conturbado envolto por polêmicas e mentiras.

Santos se declarou culpado em 2024

O ex-congressista republicano se declarou culpado apenas por dois crimes: fraude eletrônica e roubo de identidade. Os crimes que podem o levar a passar de dois a 22 anos na prisão.

A declaração de culpabilidade evita o julgamento que começaria ainda em 2024. Em sua declaração na época, Santos admitiu que permitiu que "a ambição anulasse" o seu "juízo". "Sentir-me culpado é um passo que nunca imaginei dar, mas é necessário, porque é o correto", acrescentou. Não apenas diante dos demais, mas pelo "reconhecimento das mentiras que disse a mim mesmo nos últimos anos". Após pedir "sinceras desculpas" a sua família, amigos e simpatizantes, e aos eleitores de seu distrito, reconheceu que havia "falhado" com eles.

Santos se apresentou como a nova cara do Partido Republicano. Ele construiu uma figura de candidato nas eleições legislativas de novembro de 2022 baseada em mentiras sobre sua educação, religião, experiência profissional, bens e salários, segundo o processo.

Também mentiu que havia trabalhado para grandes bancos como Goldman Sachs, e que foi uma estrela do voleibol na universidade. Além disso, o ex-congressista falsificou seu histórico familiar, afirmando ser descendente de judeus sobreviventes do Holocausto que fugiram da barbárie nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Em maio de 2023, a Promotoria o acusou inicialmente de dez crimes, que foram ampliados para 23 em outubro de 2023. Uma investigação realizada pelo jornal The New York Times quando ele já estava no Congresso revelou suas mentiras e gerou a investigação que pôs um fim abrupto à sua breve carreira política.

*Com AFP

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