Topo
Notícias

Manifestações anti-Trump e Musk crescem na Europa e nos EUA

05/04/2025 18h05

Milhares de pessoas foram às ruas neste sábado (5) em cidades na Europa e nos Estados Unidos contra o governo de Donald Trump e seu principal patrocinador, o bilionário Elon Musk. Em Paris, cerca de 200 pessoas, a maioria americanos, se reuniram na Praça da República para protestar contra o presidente republican

Alguns manifestantes discursaram durante o protesto no centro da capital francesa, segurando faixas e cartazes com frases como "Resista ao tirano", "Estado de direito", "Feministas pela liberdade, não pelo fascismo" e "Salve a democracia". Um dos participantes cantou e tocou a música "Masters of War", de Bob Dylan. 

O franco-americano Kent Hudson, organizador da manifestação em Paris, disse em entrevista ao canal BFMTV que o protesto deste sábado denunciou as decisões arbitrárias de Trump, entre elas o aumento das tarifas alfandegárias contra dezenas de países, que irá encarecer produtos importados consumidos pelos americanos, assim como o desmantelamento de agências federais. Um cálculo preliminar realizado pelo Laboratório do Orçamento da Universidade de Yale, nos EUA, estimou que as tarifas de Trump darão um prejuízo médio anual de US$ 3.800 para cada família americana. 

Hudson acredita que, daqui para frente, as manifestações anti-Trump estarão sempre associadas ao movimento "Takedown Tesla", criado espontaneamente por consumidores insatisfeitos com as decisões tomadas pelo bilionário à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), criado por Trump para reduzir o desperdício, a fraude e abusos nos gastos federais.

A revolta dos americanos cresceu, depois de o jornal Washington Post revelar que agentes que trabalham para Musk no Doge acessaram dados confidenciais de funcionários do Tesouro e do Departamento de Estado, inclusive em cargos de segurança sensíveis.

Na França, desde janeiro, as vendas de carros da Tesla registraram 36% de queda, enquanto as ações da empresa na Bolsa de Nova York caíram pela metade em três meses. Na avaliação de Hudson, Musk está sendo "punido" por ter se envolvido na política e tentado comprar a eleição nos Estados Unidos.

O franco-americano diz que a "guerra dos consumidores" contra Musk deve servir de advertência para outros bilionários que estejam planejando se associar à extrema direita, com o objetivo de influenciar eleições. Esse envolvimento tem custo.  

Premiê francês critica "interferência" de Trump 

Na véspera de uma manifestação em Paris, convocada por militantes de extrema direita para protestar contra a sentença judicial que tornou a presidenciável Marine Le Pen inelegível por 5 anos, por desvio de verbas do Parlamento Europeu, o primeiro-ministro francês, François Bayrou, protestou contra a interferência política de Trump em assuntos internos da França.

O republicano classificou a decisão da Justiça francesa como uma "caça às bruxas", conduzida por "esquerdistas europeus que usam a guerra legal para silenciar a liberdade de expressão e censurar seu oponente político".

Alemanha: 'Donald, saia!'

Na Alemanha, a manifestação anti-Trump teve como palavra de ordem "Tire suas mãos!", mesmo lema do movimento lançado nos Estados Unidos. Em Berlim, diante de uma concessionária da Tesla, manifestantes exibiram cartazes convocando americanos que vivem na Alemanha a se manifestarem pelo "fim do caos" em seu país.

Os slogans direcionados a Musk diziam: "Cale a boca, Elon, ninguém votou em você". Um cachorro carregava uma placa com a frase: "Cães contra DOGE", o departamento dirigido pelo bilionário.

Em Frankfurt, reunidos na Opernplatz, membros do grupo Democratas no Exterior (Democrats Abroad) exigiram a renúncia do presidente dos EUA, gritando slogans como "Restaure a democracia", "Tire as mãos dos nossos dados pessoais" e "O mundo está cansado das suas besteiras, Donald, saia!". 

Em um momento de crescente ressentimento mundial contra o republicano, foram realizadas manifestações contra ele em outras capitais europeias, como Lisboa, Roma e Londres.

'Despertaram gigante adormecido', diz senador em protesto em Washington

Nos Estados Unidos, Trump enfrentou os maiores protestos desde que chegou ao poder, em 20 de janeiro. Uma coalizão composta por dezenas de grupos de esquerda, como MoveOn e Women's March, convocou manifestações sob o lema "Tire suas mãos" em mais de 1.000 cidades e municípios americanos. 

Atrás de uma grande faixa com este lema, mais de 5.000 pessoas se reuniram no National Mall de Washington, perto da Casa Branca, ao meio-dia local. Entre os participantes havia figuras de destaque do Partido Democrata, como o legislador Jamie Raskin.

"Despertaram um gigante adormecido, e ainda não viram nada", declarou o ativista Graylan Hagler, de 71 anos, em meio à multidão reunida. "Não vamos nos sentar, não vamos nos calar e não vamos embora."

Os manifestantes carregavam cartazes onde se lia "Não é meu presidente!", "O fascismo chegou", "Parem o mal" e "Tirem suas mãos da nossa Seguridade Social". 

Jane Ellen Saums, de 66 anos, disse que estava aterrorizada com a campanha de redução da administração federal que Trump está conduzindo junto com Musk.

"É extremamente preocupante ver o que está acontecendo com nosso governo, (...) tudo está sendo totalmente atropelado, desde o meio ambiente até os direitos pessoais", queixou-se esta trabalhadora do setor  imobiliário.

Com AFP

Notícias

publicidade