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Entra em vigor nova rodada de tarifas de Trump, que ignora colapso nas bolsas

05/04/2025 04h11

Entraram em vigor, na madrugada deste sábado (5), tarifas alfandegárias adicionais de 10% sobre grande parte dos produtos que os Estados Unidos importam do resto do mundo, um choque no comércio global que deve se intensificar nos próximos dias. Apesar do colapso nas bolsas americanas e internacionais nesta sexta-feira (4), o presidente do país, Donald Trump, segue determinado a manter o aumento das taxas de importação.

O piso universal de 10% decidido por Trump é adicionado aos impostos alfandegários que já existiam. As tarifas superiores entraram em vigor nos portos, aeroportos e armazéns alfandegários dos EUA à 0h01 (1h em Brasília).

A conta vai subir ainda mais a partir de 9 de abril para os 57 países com balança comercial favorável em relação aos Estados Unidos: +54% no total para a China (em várias etapas), +20% para a União Europeia (UE), +46% para o Vietnã e +24% para o Japão, entre outros.

Certos produtos estão isentos: petróleo, gás, cobre, ouro, prata, platina, paládio, madeira, semicondutores, produtos farmacêuticos e minerais não encontrados em solo americano. Aço, alumínio e carros importados também não são afetados, mas já estão sujeitos a uma taxa de imposto alfandegário de 25%.

Negociações para aliviar as tarifas anunciadas por Donald Trump ocorrem nos bastidores, mas o presidente dos Estados Unidos ignora o colapso das bolsas e acusa a China de ter entrado em pânico. Pequim afirmou nesta sexta-feira que vai impor tarifas aduaneiras adicionais de 34% aos produtos americanos a partir de 10 de abril. Também anunciou controles de exportação de terras raras, incluindo o gadolínio, utilizado para a ressonância magnética, e o ítrio, usado na eletrônica.

Trump acusa China

O governo americano havia alertado seus parceiros comerciais a não responderem às tarifas, para não correrem o risco de sofrer taxas adicionais sobre suas exportações. "A China se equivocou, entrou em pânico. A única coisa que não podiam se permitir fazer", escreveu Trump em letras maiúsculas em sua rede Truth Social, antes de ir ao seu clube de golfe na Flórida.

A resposta da China aumentou os prejuízos nos mercados financeiros, já sacudidos pelo último anúncio de tarifas americanas. Wall Street fechou em queda de 6%. Investidores abandonam as empresas muito dependentes das importações da Ásia, como a indústria têxtil.

O mesmo desastre se deu nos fechamentos na Europa: Paris caiu 4,3% e Frankfurt e Londres, 5%. Na Ásia, o índice Nikkei de Tóquio recuou 2,75%, e o Topix, 3,37%. As bolsas chinesas não abriram, devido a um feriado.

Além disso, os preços do petróleo continuam em queda livre, de mais de 7%. O cobre vai pelo mesmo caminho.

Impacto da resposta chinesa

A resposta da China aos Estados Unidos corre o risco de atingir duramente os setores agrícola, energético e farmacêutico da maior economia do mundo, grandes exportadores da República Popular. A China é o terceiro maior destino de exportação dos Estados Unidos, com US$ 144,6 bilhões em produtos vendidos em 2024, muito atrás do Canadá e do México. Ao mesmo tempo, o segundo país mais populoso do mundo vendeu US$ 439,7 bilhões em produtos para os Estados Unidos.

"Embora os Estados Unidos obviamente continuem sendo um mercado muito importante" para a China, no lado das importações, "um número menor de empresas chinesas depende de fornecedores americanos", explica Lynn Song, economista-chefe do ING para a China.

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A China, maior importadora mundial de soja, encomendou mais de 22 milhões de toneladas da oleaginosa dos Estados Unidos em 2024. Segundo Scott Gerlt, economista-chefe da Associação Americana de Produtores de Soja, este país sozinho absorveu 52% das exportações norte-americanas de glicina max, seu nome científico.

"Os agricultores americanos vão sofrer", previu Wendy Cutler, vice-presidente do Asia Society Policy Institute, "porque seus produtos agrícolas ficarão caros demais para serem competitivos".

As exportações de grãos e oleaginosas dos EUA para a China valeram US$ 15,5 bilhões no ano passado, de acordo com o Departamento de Comércio dos EUA. Os preços da soja nos EUA caíram na sexta-feira após o anúncio da resposta da China, num recuo de 3,41% na sessão.

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