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Críticas da extrema direita mundial à condenação de Marine Le Pen buscam descredibilizar instituições

05/04/2025 08h00

A imagem da líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, estampa as capas das principais revistas semanais do país, que analisam as consequências de sua condenação para as próximas eleições presidenciais francesas e a própria democracia do país. 

Condenada na segunda-feira (31) em primeira instância, a uma pena de inelegibilidade de cinco anos com aplicação imediata, quatro anos de prisão, dos quais dois em regime aberto, e ao pagamento de € 100 mil (cerca de R$ 640 mil) de multa por desvio de verbas do Parlamento Europeu, Marine Le Pen espera uma revisão da sentença.

O veredito gerou manifestações de de lideranças da extrema direita internacional, como o americano Donald Trump, nos Estados Unidos, o húngaro Viktor Orban, o italiano Matteo Salvini e o russo Vladimir Putin. Porém, revista l'Express salienta que, ao mesmo tempo em que se diz vítima de um "julgamento político" com esse veredito, Le Pen perde a postura com a qual se destacou - "cabeça erguida e mãos limpas" -, estandarte até então usado para diferenciar o seu partido de extrema direita do "sistema", expressão frequentemente usada por outros líderes populistas para definir as instituições democráticas.

Ao avaliar o impacto da condenação sobre os eleitores do partido Reunião Nacional (RN), a revista indica que a sigla espera aproveitar o episódio para "concentrar ainda mais apoio e fidelizar o eleitorado de extrema direita". 

A revista L'Obs analisa como as críticas de uma "internacional reacionária" fazem parte de "uma estratégia comum que visa enfraquecer as instituições de contrapoder, a começar pela Justiça". De acordo com a publicação, essa é "uma obsessão compartilhada pela Casa Branca", numa referência a Trump e suas tentativas de desacreditar os juízes americanos.

O texto avalia os riscos de uma "trumpização" dos debates na França, com ataques ao judiciário, e ressalta que a magistrada e presidente do tribunal que condenou Le Pen agora é alvo de ameaças.

A revista ainda destaca que, com exceção de 1981, nenhuma eleição presidencial na França ocorreu sem ter o nome Le Pen nas cédulas. De pai para filha, há 51 anos o clã Le Pen disputa a preferência do eleitorado.

Bardella, 'plano B' do partido Reunião Nacional

O texto também analisa as chances de vitória de um plano B do partido Reunião Nacional, com o candidato Jordan Bardella, 29 anos, presidente do partido. "Ele parece bem jovem e frágil para aguentar o ritmo de uma eleição presidencial", descreve a reportagem. 

A revista Le Point dá destaque à "operação de resistência" do partido de extrema direita francês, que "recusa a morte eleitoral" de sua principal liderança. O RN promete combater "a opressão", de forma "pacífica e democrática", cita a publicação.

Longe de "entronizar" o seu "curinga", numa referência a Jordan Bardella, seu pupilo político, Le Pen reagiu ao ser condenada: "não vamos passar ao plano B, vamos ao combate", disse ela.

"Bardella é um ativo formidável e espero que não o usaremos antes do necessário", profetizou, ainda com esperanças de poder voltar à corrida presidencial por meio de um recurso judicial.   

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