Carros de isopor? Como é o enchimento que invadiu os carros mais baratos
Você já abriu a porta de um carro de entrada e, próximo às dobradiças, percebeu um revestimento parecido com isopor? O material pode causar estranheza ou passar a sensação de baixa qualidade, mas está cada vez mais presente nos automóveis atuais, mesmo que em alguns modelos não fiquem tão aparentes para os passageiros. Afinal, é seguro utilizar poliestireno expandido para construir carro?
A realidade é que o material popularmente conhecido isopor está presente na maioria dos carros produzidos atualmente, no entanto, em maior proporção nos modelos mais baratos.
"Além de ser altamente moldável, pode ser combinado com outros tipos de plásticos e tecidos, refletindo uma produção mais econômica de vários materiais com as propriedades funcionais e estéticas esperadas", explica a KNAUF Industries, especializada em poliestireno expandido.
Marco Colósio, doutor em Engenharia de Materiais e diretor da Seção Regional São Paulo da SAE Brasil, também explica que o material é seguro e pode ser utilizado de diversas formas na construção de um carro: como reforço estrutural em alguma peça, isolante acústico ou térmico, entre outras.
Segundo Colósio, há dois tipos de materiais semelhantes ao isopor: poliestireno expandido (EPS) e o polipropileno expandido (EPP com aplicação automotiva. Ambos têm aparência parecida, mas o EPP é mais rígido, usado em caixas de estepe, por exemplo. Já o EPS, conhecido popularmente por isopor, tem mais maleabilidade.
"É um material eficiente, garante excelentes propriedades isolantes e é muito leve. Além disso, tem baixo custo e reforça a busca de novas soluções pró-ecológicas, já que é 100% reciclável. Nos veículos, os componentes externos em EPP são estruturalmente fortes para complementar outros sistemas como cintos de segurança, assim como revestimento de coluna, teto e porta", garante o doutor em Engenharia Materiais.
Evolução
Segundo dados da KNAUF Industries, o EPP trouxe uma verdadeira evolução para a indústria automotiva desde que começou a ser utilizado nos carros: reduziu o peso total de um veículo em mais de 10%. "Graças a isso, é possível reduzir o consumo de combustível em 7%, enquanto o uso de materiais recicláveis no veículo só aumenta".
O uso do material começou na década de 1980, como um componente para do para-choque, mas percebeu-se um alto poder de absorção de impactos sem ser destruído.
"Desde então, todas as partes do carro relacionadas à segurança dos passageiros - encosto de cabeça, cadeirinhas infantis e enchimentos das portas (para absorver os impactos laterais) - foram fabricadas com este material", diz a empresa.
Baixa qualidade?
De fato, abrir a porta do carro e ter a sensação de que há um revestimento de isopor nas portas pode despertar uma sensação de chateação. "Pago tão caro por isso?", pode se perguntar o proprietário do veículo.
Mas a realidade é que o problema é muito mais estético do que estrutural: o material é seguro, o que falta é o cuidado da montadora em "esconder" o revestimento - normalmente, para reduzir custos. Em veículos mais caros, mesmo em menor quantidade, o "isopor" está presente, mas há mais refinamento nos acabamentos.
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