Trump anuncia tarifa de 10% para produtos importados do Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (2) que o governo passará a impor uma tarifa de 10% sobre todas as importações originárias do Brasil. A medida faz parte de um decreto que estabelece tarifas recíprocas para os parceiros comerciais dos EUA.
Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York
Segundo Trump, as tarifas recíprocas serão de pelo menos metade da alíquota que cada país cobra sobre os produtos norte-americanos, com uma taxa mínima de 10%. "As nações estrangeiras finalmente serão convidadas a pagar pelo privilégio de acesso ao nosso mercado, o maior do mundo", declarou o republicano.
As novas tarifas serão aplicadas a partir do sábado (5). Já as tarifas recíprocas individualizadas, mais elevadas, serão direcionadas aos países que possuem os maiores déficits comerciais com os EUA, a partir do dia 9 de abril. No caso do Brasil, a taxa geral para importações é de 10%, enquanto o aço e o alumínio continuam sujeitos a uma tarifa específica de 25%, conforme anunciado anteriormente.
Reação brasileira e possíveis impactos
Entre as tarifas anunciadas, a imposta ao Brasil está entre as mais baixas, igualando-se aos percentuais aplicados ao Reino Unido, Colômbia, Singapura, Chile, Austrália e Turquia.
Entre os principais produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos em 2024 estão: petróleo, minério de ferro, aço, aeronaves, café, carne bovina e açúcar, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Ainda não está claro quais produtos serão diretamente afetados pela nova tarifa. A expectativa é que setores como a indústria automobilística e o agronegócio possam ser impactados, assim como ocorreu com o alumínio brasileiro em anos anteriores.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil levará à Organização Mundial do Comércio (OMC) a contestação contra a taxação de 25% sobre o aço brasileiro. Caso a medida não seja revertida, o governo estuda aplicar sanções recíprocas a produtos norte-americanos.
Senado aprova resposta legislativa
Em meio às novas tarifas, o Senado brasileiro aprovou um projeto de lei da reciprocidade, que permitirá ao país adotar sanções comerciais contra políticas unilaterais de outras nações que prejudiquem a competitividade brasileira. O projeto, inicialmente focado na equiparação de exigências ambientais, foi ampliado para incluir respostas à taxação imposta por Trump.
O governo brasileiro, porém, ainda busca o diálogo. Em visita à Paris, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que "nos causaria certa estranheza uma retaliação injustificada contra o Brasil, considerando que estamos na mesa de negociação desde sempre com os Estados Unidos, justamente para fortalecer nossa cooperação".
Perspectivas para novas tarifas
Há expectativa de que o governo americano anuncie, em breve, tarifas setoriais específicas para setores como semicondutores, produtos farmacêuticos e minerais essenciais. Esses itens, no entanto, não estão incluídos no regime de tarifas anunciado nesta quarta-feira.
Ao justificar a nova política comercial, Trump mencionou diversos países que serão afetados pelas tarifas, incluindo China, Taiwan, Vietnã, Japão, União Europeia, Tailândia e Coreia do Sul. Curiosamente, Canadá e México, que haviam sido citados como possíveis alvos, não foram incluídos nesta rodada de taxações.
Durante o anúncio, Trump reforçou seu discurso protecionista, afirmando que o "2 de abril de 2025 será para sempre lembrado como o dia em que a indústria americana renasceu".Ele criticou os acordos comerciais passados e afirmou que "por décadas, o nosso país foi saqueado e pilhado por nações próximas e distantes". Segundo o presidente americano, os EUA não devem continuar subsidiando outras economias sem reciprocidade e apelidou o anúncio de Dia da Libertação.