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Quem é Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Moraes indiciado por vazamento

Eduardo Tagliaferro e o ministro Alexandre de Moraes - Reprodução
Eduardo Tagliaferro e o ministro Alexandre de Moraes Imagem: Reprodução
do UOL

Do UOL, em Brasília*

03/04/2025 12h44

Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foi indiciado pela PF (Polícia Federal) por suspeita de vazar dados sigilosos à imprensa para prejudicar investigações contra grupos de desinformação.

Quem é Tagliaferro

Foi nomeado por Moraes em agosto de 2022 para chefiar a AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação). Ligado diretamente à presidência do TSE, o órgão tinha como missão monitorar conteúdos digitais durante as eleições e subsidiar investigações em curso no Supremo.

Além da chefia da AEED, Tagliaferro foi designado por Moraes para integrar o núcleo de inteligência do TSE. O grupo, criado pelo ministro, contava com membros da Justiça Eleitoral e representantes do Conselho Nacional dos Comandantes-Gerais das Polícias Militares. Tinha como objetivo alinhar ações preventivas de segurança no processo eleitoral.

Ele é formado em engenharia civil e direito pela Universidade Paulista. Tagliaferro também é mestre em inteligência artificial pela Universidade Federal de Viçosa. Iniciou sua atuação como perito judicial em 2017, prestando serviços de perícia computacional, grafotécnica e documentoscopia.

Antes de chegar ao TSE, ele trabalhou nas áreas de tecnologia de outros tribunais. São eles: o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) e tribunais estaduais de Goiás, Santa Catarina, Minas Gerais, Paraná e São Paulo. Sua nomeação ao TSE, feita por Moraes, foi interpretada como sinal de prestígio técnico e político.

O perito mantinha relação de confiança com o ministro. Em redes sociais, Tagliaferro chegou a publicar foto de um livro de autoria de Moraes com dedicatória pessoal: "Eduardo, boa sorte na defesa da Constituição".

O ex-assessor foi exonerado em maio de 2023, após ser preso por violência doméstica. Na quebra de sigilo, foram encontradas conversas dele com a esposa, nas quais ele indica que teria conversado com a Folha de S.Paulo

Por que ele foi indiciado

A PF aponta intenção do ex-assessor de atrapalhar investigações sobre fake news. No indiciamento, a PF aponta que o objetivo do ex-assessor seria desacreditar o Judiciário e atrapalhar as investigações sobre grupos que propagam fake news, mas diz que não caberia intimar os repórteres que publicaram as informações. As reportagens expuseram o modus operandi do ministro quando ele era presidente do TSE.

A defesa de Tagliaferro nega o vazamento e contesta a solidez da investigação. Seus advogados alegam que ele "não foi responsável pelo suposto vazamento" e dizem esperar que a PGR rejeite o indiciamento da PF.

Reportagens revelaram procedimentos fora do rito por parte de Moraes e seus auxiliares. O jornal expôs diálogos entre Tagliaferro e outros integrantes dos gabinetes de Moraes (no TSE e no STF), expondo a atuação para produzir, sob a encomenda do ministro, relatórios de informações sobre postagens de investigados. Estes mesmos relatórios foram utilizados para embasar investigações em andamento no STF. A PF cita sigilo da fonte e, por isso, não há no relatório nenhuma mensagem dele com jornalistas. Segundo o órgão, não cabe intimar jornalistas a depor devido ao sigilo da fonte, previsto na Constituição.

Como funcionário do TSE, Tagliaferro tinha obrigação de preservar o sigilo das informações com as quais trabalhava. Por isso a PF entendeu por intimá-lo pelo crime de violação de sigilo funcional com dano à administração pública.

A PF apontou que o objetivo do vazamento era "arranhar a imagem" de Moraes. Segundo o relatório, o conteúdo das reportagens buscava deslegitimar o trabalho do ministro e atrapalhar as investigações sobre as chamadas milícias digitais.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) decidirá se apresenta denúncia contra o ex-assessor. A investigação está sob relatoria do próprio Moraes no STF, apesar de o indiciado não ter foro privilegiado.

*Com informações de Estadão Conteúdo

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