Marina Silva diz que 'tarifaço' de Trump prejudica ação climática conjunta

A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) criticou a guerra tarifária imposta pelo presidente dos EUA, Donald Trump, reforçando que a medida pode prejudicar a cooperação climática entre os países.
O que aconteceu
Ministra diz que tarifas mais altas prejudicam a ação climática conjunta. Para ela, além do movimento redirecionar investimentos que poderiam ser usados para proteção ambiental e biodiversidade, pode gerar impactos políticos internos e riscos econômicos, inclusive uma possível recessão para o país que estiver envolvido na guerra comercial.
Marina também minimizou a demora para análise sobre a Margem Equatorial. Além disso, cobrou ações concretas de ministros da área do bloco dos Brics durante reunião no Itamaraty, em Brasília.
Brics está sob a presidência do Brasil em ano de COP. Foi o primeiro encontro com novos membros, após a entrada de Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
Em lugar de estar fazendo guerra uns com os outros, seja guerra bélica ou tarifária, nós deveríamos estar fazendo guerra contra pobreza, contra mudança do clima e contra desertificação e perda de biodiversidade, que é isso que está ameaçando nossas vidas, nossos sistemas produtivos, sejam eles industriais ou alimentares.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima
O que mais disse Marina
Conflitos geopolíticos agravam a cooperação global, diz Marina Silva. "Isso esgarça as relações, isso afasta a cooperação, tira as relações de confiança entre os povos. E o nosso papel é de reforçar a solidariedade, o apoio, a cooperação e a livre iniciativa no mercado, porque é dessa forma que, inclusive, o país que mais hoje está defendendo esse tipo de protecionismo foi o que mais estimulou que a gente deveria ter uma livre iniciativa, a liberdade de ação no mercado."
Plano internacional para o fim dos combustíveis fósseis é urgente, afirma ministra. "No caso dos combustíveis fósseis, fonte de cerca de 75% das emissões globais de gases de efeito estufa, é inadiável desenvolvermos um plano internacional que nos leve, de maneira justa e ordenada, para o fim da dependência que o mundo ainda tem dessa fonte de geração de energia."
Ministra reforça que os acordos firmados em outras COPs devem ser seguidos. Com base no Balanço Global do Acordo de Paris, os países desenvolvidos produtores e consumidores de energia devem liderar o movimento para triplicar a produção de energia renovável, duplicar a eficiência energética e iniciar a transição para acabar com o uso de combustíveis fósseis e do desmatamento.
Debate prioriza quatro eixos ambientais. A presidência brasileira propôs discussões sobre desertificação, valorização dos serviços ecossistêmicos, poluição plástica e liderança coletiva para ação climática, alinhada à agenda 2030. Plano prevê cerca de 50 atividades. As ações abrangem diferentes áreas, como biodiversidade, gestão de resíduos, recursos hídricos e mudança climática.
Brasil reforça compromisso com redução de CO2 e desmatamento zero. O país estabeleceu metas ambiciosas de reduzir entre 59% e 67% das emissões até 2035 e zerar o desmatamento até 2030. Apesar do aumento das emissões nos últimos anos, o governo está trabalhando para atingir as metas de 2025.
Brasil quer se posicionar como liderança climática. Até o momento, apenas o Brasil e os Emirados Árabes Unidos já apresentaram suas NDCs. Durante viagens ao Japão e Vietnã, o presidente Lula (PT) destacou a importância das nações apresentarem seus compromissos climáticos.
Exploração na Margem Equatorial
Ministra minimiza a demora para análise sobre a Margem Equatorial. O processo está sendo avaliado tecnicamente em diferentes instâncias pelo Ibama. Segundo Marina, a reunião entre ministérios ainda "está sendo ajustada".
Ela reforçou que a decisão parte do Ibama e não do governo. O licenciamento ambiental é tratado regularmente na Casa Civil, mas a decisão final será do órgão e de seu presidente, sem interferência direta dos ministros.
Como país anfitrião da COP30, ressalto mais uma vez o momento crítico que estamos vivendo frente à crise climática. O Brasil e muitos outros países têm enfrentado, com crescente intensidade e frequência, eventos climáticos extremos como enchentes, secas, incêndios e ondas de calor. Os impactos sobre nossas populações, especialmente as mais vulneráveis, ecossistemas naturais e economias, exigem medidas concretas e urgentes para aumentar o atual ritmo de redução de emissão dos gases de efeito estufa.
Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima