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Ex-ministro: Apoio de Bolsonaro a Trump se torna constrangedor para direita

do UOL

Do UOL, em São Paulo

03/04/2025 19h01

O apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a Donald Trump às vésperas da implementação do "tarifaço", se tornou incômodo e constrangedor para a própria direita brasileira, afirmou o ex-ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes no UOL News, do Canal UOL.

Não, nunca vi algo parecido [a defesa de Bolsonaro]. Realmente, é um caso clínico. Mas eu acho que o Bolsonaro, com esse tipo de manifestação, se tornará cada vez mais incômodo para a própria direita brasileira. A direita precisa dele para o seu apoio eleitoral, mas é uma pessoa que acaba perturbando. Ele não é uma pessoa previsível, leal, não tem ideias claras.

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O Bolsonaro é diferente do Trump, que pelo menos tem uma ideia clara, uma proposta: tarifas, ataca as universidades. O Bolsonaro não tem nada. Qual é a ideia de Bolsonaro sobre o Brasil e o mundo? É uma liderança que não tem substância.

Eu acredito que essa manifestação do Bolsonaro apoiando o Trump cria um constrangimento para os seus próprios companheiros, que querem o apoio dele, mas também não querem uma coisa grudada. Aloysio Nunes, ex-ministro das Relações Exteriores

Trump anunciou ontem um "tarifaço" global sobre impostos de importação, com outros produtos brasileiros sendo taxados em ao menos 10%. A data foi nomeada pelo republicano como o "dia de libertação". O governo Lula (PT) reagiu dizendo que irá tomar todas as medidas possíveis para proteger as empresas nacionais.

Nas redes sociais, Bolsonaro saiu em defesa de Trump às vésperas do anúncio de tarifas contra os principais parceiros dos americanos. Ele preferiu atacar a "mentalidade socialista" do governo Lula e sugeriu que o Brasil não confronte os americanos.

Ao Canal UOL, Nunes classificou o cálculo feito por Trump para definir o 'tarifaço' como "maluco".

O cálculo que o Trump faz [para se chegar às tarifas impostas] é um cálculo maluco. Eles pegam o déficit comercial, pegam o valor das importações americanas e acrescentam nesse déficit e multiplicam por 100 para se chegar a esse percentual. É uma maluquice.

Ele [Trump] está sendo criticado pelos próprios aliados... Agora, ele tem um aliado aqui no Brasil, que o elogiou, que é o [ex-]presidente Bolsonaro. Aloysio Nunes, ex-ministro das Relações Exteriores

Ex-embaixador: 'Lei da Reciprocidade coloca revólver na mão do Brasil'

A lei que impõe a reciprocidade de regras ambiental e comercial nas relações do Brasil com outros países, aprovada nesta semana pelo Congresso Nacional, coloca um revólver na mão do Brasil, avaliou hoje o diplomata e ex-embaixador Roberto Abdenur no UOL News.

Olha, essa lei colocou um revólver na nossa mão. Resta saber se nós disparamos o revólver ou o colocamos no bolso de todos. Roberto Abdenur, ex-embaixador do Brasil na China, Alemanha e nos EUA

O PL (Projeto de Lei) aprovado ontem, em caráter de emergência pelo Congresso Nacional, autoriza o governo brasileiro a adotar medidas comerciais contra países e blocos que imponham barreiras aos produtos do Brasil no mercado global. Agora, o texto segue para sanção presidencial.

A lei aprovada é um movimento de reação às taxas impostas pelo governo americano de Donald Trump aos produtos do Brasil, principalmente o aço: desde o mês passado, os Estados Unidos passaram a cobrar a taxa de importação de 25% sobre o aço e alumínio enviados pelo Brasil, Canadá e México. Ontem, os americanos anunciaram novas tarifas para vários países, com taxas mínimas de 10% a produtos brasileiros.

Assista ao vídeo abaixo:

Sakamoto: Lula cutuca Bolsonaro ao negar bater continência a outra bandeira

Ao responder ao movimento dos Estados Unidos, que elevaram as tarifas para produtos de vários países, o presidente Lula cutucou Bolsonaro e disse, em discurso hoje, que o Brasil vai defender os seus interesse e não irá bater continência a outras bandeiras, analisou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News.

E não à toa, o Lula, sem citar o nome, deu um hadouken [golpe fictício que surgiu no jogo de videogame Street Fighter] no peito do Bolsonaro, quando ele criticou quem bate de continência para a bandeira que não seja a verde e amarela, sem ninguém pedir. Bater a continência vai muito além de fazer o gesto. É você agir de modo subserviente a outro país. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL

A reação de Lula ocorre um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentar as tarifas de importação para produtos do mundo inteiro —inclusive com 10% de tarifa mínima aos produtos brasileiros. Ao falar sobre continência, o petista se referia a Bolsonaro, que, por duas vezes, em 2018 e 2019, bateu continência para a bandeira americana.

Assista ao comentário no vídeo abaixo:

Josias: 'Crescimento de Tarcísio nas pesquisas pressiona Bolsonaro'

Ainda no UOL News, o colunista Josias de Souza disse que o crescimento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pode pressionar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a tomar uma decisão sobre o candidato que irá apoiar nas eleições do ano que vem.

Essa pesquisa, a exemplo de outras que vem sendo divulgadas, pressionam o Bolsonaro a tomar uma decisão. O Bolsonaro não é o Lula. Lá atrás, em 2018, o Lula (que também estava inelegível) empurrou a sua candidatura. Agora, o Bolsonaro tem menos condições de fazer isso, porque, se fizer, ele perderá a oportunidade de ter um candidato competitivo. Josias de Souza, colunista do UOL

A Quaest simulou cenários eleitorais entre Lula e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).

Tarcísio cresceu 11% nos três últimos levantamentos feitos pelo instituto: subiu de 26% para 37%. O nome dele aparece como um dos favoritos para disputar a eleição presidencial no lugar de Bolsonaro, que foi declarado inelegível por oito anos devido à reunião com embaixadores em julho de 2022, a pouco mais de dois meses das eleições. Bolsonaro ainda não deu o seu veredicto. Tarcísio tem dito que não pretende se candidatar à presidência.

Veja o trecho do comentário no vídeo abaixo:

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 17h, com Diego Sarza. Aos sábados, o programa é exibido às 11h e 17h, e aos domingos, às 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.

Veja a íntegra do programa:

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