Brasileiro-palestino morreu em Israel após passar fome em prisão, diz ONG
O brasileiro-palestino Walid Khaled Abdallah, 17, morreu em uma prisão israelense após desmaiar de fome e bater a cabeça no chão. A informação foi divulgada hoje pela ONG internacional Defesa das Crianças Palestinas (DCIP, na sigla em inglês) e confirmada pela Fepal (Federação Árabe Palestina do Brasil).
O que aconteceu
Walid desmaiou no pátio de uma prisão na cidade de Megiddo, no norte de Israel, em 22 de março. Outros adolescentes detidos na mesma prisão pediram ajuda aos guardas, mas foram ignorados. Eles mesmos carregaram o brasileiro-palestino, levaram o garoto até o portão do pátio, e os agentes o retiraram do local, segundo a ONG.
Depois, o brasileiro-palestino foi levado para a clínica da prisão. A equipe médica tentou ressuscitá-lo com um desfibrilador e adrenalina, mas sem sucesso.
Autópsia indica que ele passou fome, sofreu desidratação por diarreia e complicações infecciosas. As condições foram agravadas por desnutrição prolongada e privação de atendimento médico, de acordo com a DCIP.
Exame revelou ainda que o adolescente sofria de extrema perda de massa muscular e gordura corporal. Os detalhes são de um médico da família dele que compareceu ao exame.
O brasileiro-palestino também tinha sarna nas duas pernas e na virilha. O estado do tórax e do abdômen indicavam que ele sofreu um trauma contundente. O intestino grosso tinha edemas, associados a uma lesão que ele pode ter sofrido.
O adolescente sofreu por meses, diz ONG. "A autópsia de Walid indica que os guardas da prisão o deixaram passar fome e abusaram dele sistematicamente por meses até que ele finalmente desmaiou, bateu a cabeça e morreu", afirmou Ayed Abu Eqtaish, um dos diretores do DCIP.
Walid esteve na clínica da prisão ao menos três vezes entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano. Durante o atendimento no ano passado, ele reclamou de traumatismo craniano e falta de comida para os detentos, segundo a DCIP.
Procurado pelo UOL, o Itamaraty disse que não foi formalmente notificado do resultado da autópsia. No mês passado, quando a morte de Walid foi confirmada, a chancelaria brasileira cobrou uma investigação sobre o caso. "O governo brasileiro solidariza-se com os familiares e amigos do nacional e transmite sinceras condolências, ao tempo em que continuará a exigir do governo de Israel as explicações necessárias acerca da morte do menor", diz um trecho do comunicado.