O governo Lula (PT) comete um erro ao preferir aguardar Donald Trump anunciar o tarifaço para só então tomar medidas contra o aumento nas tarifas de importação, avaliou o colunista Jamil Chade no UOL News hoje.
A equipe de Lula cogita alinhar o Brasil a outros países ou blocos econômicos para responder às medidas que Trump prepara, mas ao mesmo tempo considera que isto não precisa ser feito imediatamente.
Essa frase de 'como não se sabe, não tem como preparar' não é o que o mundo tem feito. O mundo tem se preparado. Se o Brasil está nesse sentido, é um erro gigantesco que está correndo.
Os mexicanos, canadenses e europeus tampouco sabem e nem por isso estão sentados, parados, esperando o anúncio. Eles estão fazendo listas de produtos, levantamentos de onde [o tarifaço] afeta ou não, fazendo cenários e as respostas a cada um deles. Tudo está sendo armado.
Se o Brasil está esperando o anúncio de Trump para começar a trabalhar, estamos com um problema muito sério. Jamil Chade, colunista do UOL
Na visão de Jamil, o caminho mais seguro para o governo brasileiro lidar com a questão seria buscar uma negociação com os EUA. Para o colunista, retaliar a decisão de Trump pode trazer problemas sérios ao país.
É o momento de se preparar para dez cenários diferentes para justamente atuar com força, coordenação com outros países e, eventualmente, proteção a setores que não podem ser afetados. Não adianta fazer como Celso Amorim [ex-chanceler e assessor especial de Lula] disse e retaliar os americanos; aí você acaba perdendo.
Há vinte anos, o Brasil ganhou o direito de retaliar os EUA por conta dos subsídios americanos para a agricultura, para o algodão. O Brasil não retaliou porque não conseguiu encontrar uma forma para que isso não afetasse a economia do país, mas acima de tudo usou esse direito de retaliação para negociar com os americanos.
Se usarmos isso como uma espécie de base, o Brasil poderá fazer esse caminho da negociação. Isso casa com o que o secretário do Tesouro americano falou sobre a retomada das negociações com os países no dia seguinte à imposição das tarifas. Veremos uma história que não acabará.
Se formos pelo caminho da retaliação cega, o efeito para o Brasil pode ser extremamente perigoso. Jamil Chade, colunista do UOL
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