Israel expande ofensiva em Gaza para tomar 'grandes áreas'
Israel anunciou nesta quarta-feira (2) que suas Forças Armadas estão expandindo as operações na Faixa de Gaza para tomar "grandes áreas" do território palestino, onde dezenas de pessoas morreram nos bombardeios israelenses, segundo a Defesa Civil do território.
Após quase dois meses de trégua, Israel retomou em março a ofensiva aérea e terrestre contra o Hamas.
O ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou em um comunicado que as forças do país pretendem ampliar a operação no território "para destruir e limpar a área de terroristas e infraestrutura terrorista".
A expansão servirá "para tomar grandes áreas que podem ser incorporadas às zonas israelenses de segurança", acrescentou o ministro.
Com as negociações para prolongar a trégua estagnadas, Israel retomou em 18 de março os bombardeios sobre Gaza e iniciou uma nova ofensiva terrestre no enclave governado pelo Hamas.
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou na terça-feira que 1.042 pessoas morreram nos novos ataques israelenses.
Nesta quarta-feira, a Defesa Civil do território informou que pelo menos 34 pessoas morreram. Um dos bombardeios matou 19 pessoas, incluindo nove crianças, em uma clínica da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) em Jabaliya, no norte, segundo a mesma fonte.
Treze pessoas morreram em ações israelenses contra residências na cidade de Khan Yunis, no sul, e outros dois campos de refugiados de Nuseirat (centro).
O porta-voz em língua árabe do Exército israelense, Avichay Adree, divulgou uma mensagem na terça-feira para os habitantes de Khan Yunis e da vizinha Rafah, na fronteira com o Egito.
"Não escutem as tentativas do Hamas de impedir que vocês saiam para que permaneçam como seus escudos humanos. Sigam imediatamente para as zonas designadas", escreveu no X.
- "Libertar os reféns" -
O Fórum de Famílias, a maior associação de parentes dos sequestrados pelo Hamas, afirmou nesta quarta-feira que está "horrorizado" com o anúncio do Ministério da Defesa.
"Ao invés de libertar os reféns com um acordo e acabar com a guerra, o governo israelense envia mais soldados a Gaza para combater nas mesmas zonas onde já lutaram diversas vezes", afirmou.
"Expliquem como esta operação serve ao objetivo de recuperar os reféns e como planejam evitar colocá-los em perigo", exigiu.
"O Reino Unido não apoia a expansão das operações militares de Israel", declarou uma autoridade do Ministério britânico das Relações Exteriores, Hamish Falconer.
Os países mediadores entre as partes (Catar, Egito e Estados Unidos) trabalham em um novo acordo de cessar-fogo que permita o retorno dos demais sequestrados pelo Hamas.
Uma fonte de alto escalão do movimento islamista palestino afirmou no sábado que o Hamas aprovou uma nova proposta de trégua apresentada pelos mediadores e fez um apelo para que Israel seguisse a medida.
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu confirmou ter recebido a proposta dos mediadores e apresentou uma contraproposta.
Os detalhes das últimas iniciativas de mediação não foram revelados.
Neste contexto de forte tensão, o ministro israelense de extrema direita Itamar Ben Gvir suscitou uma nova polêmica na quarta-feira ao visitar a Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, o terceiro lugar mais sagrado do islã.
O Hamas denunciou, por sua vez, uma "perigosa escalada".
- Padaria fechadas -
No domingo, Netanyahu ofereceu aos dirigentes do Hamas a possibilidade de abandonar Gaza, com a condição de que o grupo entregue suas armas.
O movimento islamista, que comanda o território palestino desde 2007, declarou que poderia renunciar ao controle de Gaza após o conflito, mas se recusa a entregar seu armamento.
A guerra foi provocada pelos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel, que deixaram 1.218 mortos, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses.
A campanha de represália israelense matou pelo menos 50.399 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas.
Para aumentar a pressão sobre o movimento islamista, Israel também bloqueia a entrada de ajuda humanitária em Gaza desde 2 de março.
Algumas padarias foram fechadas por falta de farinha e açúcar.
Amina al Sayed conta que passou "toda a manhã indo de padaria em padaria" na Cidade de Gaza, mas todas estavam fechadas.
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