Topo
Notícias

Governo brasileiro diz que taxação anunciada por Trump viola compromissos

do UOL

Do UOL, em São Paulo

02/04/2025 19h53

O governo Lula (PT) criticou a taxação de ao menos 10% aos produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O que aconteceu

Governo brasileiro afirma que as tarifas adicionais "violam" os compromissos dos Estados Unidos perante a OMC (Organização Mundial do Comércio). "O governo brasileiro lamenta a decisão tomada pelo governo norte-americano no dia de hoje, 2 de abril, de impor tarifas adicionais no valor de 10% a todas as exportações brasileiras para aquele país. A nova medida, como as demais tarifas já impostas aos setores de aço, alumínio e automóveis, viola os compromissos dos EUA perante a Organização Mundial do Comércio e impactará todas as exportações brasileiras de bens para os EUA."

Publicidade

Trump anunciou sua nova política comercial, adotando a regra da reciprocidade entre os países. Para isso, portanto, adotará critérios de como os produtos americanos são taxados no exterior. A meta é a de começar a corrigir o déficit de US$ 1,2 trilhão que o país soma com o resto do mundo.

A forma de calcular a taxa aos países será a de aplicar tarifas que representam metade do que os bens americanos são taxados. Por exemplo, o Japão coloca impostos de 46% em média contra bens americanos. A partir de agora, os americanos colocarão impostos de 24% sobre os bens japoneses. A lógica será usada com as demais nações.

O piso, no entanto, é de 10%. Essa é a tarifa aplicada ao Brasil, por exemplo. Segundo as contas da Casa Branca, a médias das tarifas brasileiras aos EUA é também de 10%.

Governo brasileiro afirma que "avalia todas as possibilidades de ação para assegurar a reciprocidade no comércio bilateral". Hoje o Congresso reagiu ao tarifaço de Trump e aprovou um projeto de lei que autoriza o governo a retaliar países que imponham barreiras comerciais aos produtos brasileiros.

Uma vez que os EUA registram recorrentes e expressivos superávits comerciais em bens e serviços com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos, totalizando US$ 410 bilhões, a imposição unilateral de tarifa linear adicional de 10% ao Brasil com a alegação da necessidade de se restabelecer o equilíbrio e a "reciprocidade comercial" não reflete a realidade.

Em defesa dos trabalhadores e das empresas brasileiros, à luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo do Brasil buscará, em consulta com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos.
Governo Lula, em nota

Aliados do governo criticaram a medida do presidente americano. O senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, afirma que o aumento das taxas é "uma lógica belicosa". "O movimento vai contra os princípios do multilateralismo econômico e prejudica não apenas o Brasil, mas todo o mundo, inclusive os norte-americanos", escreveu no X.

Se um país aumenta as taxas de importação, isso vai recair sobre o consumidor interno. É uma lógica de reversão da globalização, como quem diz 'agora, cada qual cuida da sua fronteira'. É uma lógica belicosa. Jaques Wagner (PT), líder do governo no Senado

Já políticos de oposição dizem que EUA estão "reavaliando vulnerabilidade" e que Brasil precisa estar preparado. Essa é a posição defendida pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. "A taxação imposta agora pelos Estados Unidos é um sinal dos tempos. Mostra que até mesmo grandes potências estão reavaliando suas vulnerabilidades. E se os EUA estão revendo seus acordos e práticas comerciais, o Brasil também precisa fazer o mesmo — de forma propositiva, técnica e articulada."

Este não é um momento para reações intempestivas. É hora de arrumar a casa e agir com inteligência. O mundo está mudando -- e o Brasil precisa estar preparado.
Nelsinho Trad (PSD), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal

Notícias

publicidade