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Doutorando é suspeito de ser o maior estuprador em série do Reino Unido

Cartaz da polícia pede para que possíveis vítimas de Zhenhao Zou entrem em contato - Divulgação/Polícia Metropolitana de Londres
Cartaz da polícia pede para que possíveis vítimas de Zhenhao Zou entrem em contato Imagem: Divulgação/Polícia Metropolitana de Londres
do UOL

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

02/04/2025 16h30

Zhenhao Zou, estudante de doutorado da University College London, foi condenado pelo estupro de dez mulheres em Londres no último mês. As autoridades afirmam, entretanto, que o homem pode ter feito mais de 60 vítimas. Ontem, a BBC revelou que outras 23 mulheres o denunciaram após um apelo da polícia.

O que sabemos

Ao ser preso em 2024, a polícia encontrou em seu quarto diversas câmeras escondidas, além de um armário com álcool, ecstasy e 1,4-Butanodiol, droga semelhante ao "Boa Noite, Cinderela". Também foi encontrada uma pipeta, que era utilizada por Zou para medir a dose da droga, e um baú contendo joias e roupas que podem ter pertencido às suas vítimas.

Em dispositivos eletrônicos, a polícia encontrou 1.277 vídeos, segundo a BBC. Alguns deles foram filmados pelo próprio suspeito enquanto estuprava mulheres inconscientes.

Câmera escondida foi encontrada no apartamento de Zou - Divulgação/Polícia Metropolitana de Londres - Divulgação/Polícia Metropolitana de Londres
Câmera escondida foi encontrada no apartamento de Zou
Imagem: Divulgação/Polícia Metropolitana de Londres

Vídeos mostraram agressões tanto no Reino Unido, quanto na China, onde Zou nasceu. Ele foi considerado culpado por 28 crimes, sendo 11 casos de estupro (contra dez mulheres), três de voyeurismo, dez de posse de imagens pornográficas extremas, um de cárcere privado e três de posse de drogas com a intenção de cometer um crime sexual.

Para atrair as vítimas, Zou utilizava redes sociais e sites de namoro. Ele convidava as mulheres para beber em sua casa e as drogava.

Como as vítimas foram dopadas, muitas se lembram pouco ou nada dos ataques, o que dificulta a denúncia do crime. "Ele cometia essas agressões sexuais enquanto elas estavam incapacitadas e possivelmente até mesmo dormindo, completamente inconscientes", disse o comandante Kevin Southworth, da Polícia Metropolitana, à BBC.

Uma das vítimas afirmou que só descobriu as filmagens após os policiais encontrarem os vídeos, oito meses após ela ter o denunciado. Outra acordou enquanto era abusada pelo homem, antes de ficar inconsciente novamente. "Zou é um estuprador em série e um perigo para as mulheres", afirmou Saira Pike, do Serviço de Promotoria Pública.

Por isso, os vídeos foram essenciais para sua condenação. Os jurados tiveram que assistir nove das filmagens encontradas nos dispositivos de Zou. Alguns dos espectadores choraram durante a exibição dos abusos, de acordo com o The Guardian.

Frasco de 1,4-Butanodiol encontrado no apartamento de Zou - Divulgação/Polícia Metropolitana de Londres - Divulgação/Polícia Metropolitana de Londres
Frasco de 1,4-Butanodiol encontrado no apartamento de Zou
Imagem: Divulgação/Polícia Metropolitana de Londres

O homem admitiu que ter relações sexuais com mulheres inconscientes era uma de suas fantasias. Porém, ele alegou que as mulheres das filmagens estavam "atuando" para dar vida às suas fantasias em troca de dinheiro e presentes. Mesmo assim, o júri concluiu que ele era um estuprador em série, que drogava mulheres e filmava os ataques.

Agora, a polícia faz um apelo para que as possíveis vítimas de Zou o denunciem. Eles acreditam que, além dos casos já julgados, o doutorando tenha feito outras 50 vítimas.

Desde a condenação, 23 mulheres denunciaram Zou à polícia. "Este caso em particular parece estar se desenvolvendo exatamente da maneira que temíamos. O fato de 23 vítimas terem se manifestado em apenas um mês desde que fizemos o apelo diz algo. Essa é uma taxa de resposta significativa", disse o comandante Southworth ao The Guardian.

Alguns dos ataques relatados por elas não estavam nos registros de vídeo encontrados pela polícia. Autoridades temem que o número de vítimas seja ainda maior.

Zou será sentenciado pela Corte Criminal em 19 de junho de 2025. Southworth acredita que uma longa sentença e novas acusações podem encorajar mais mulheres a denunciarem o estuprador em série. "Existe a possibilidade de um segundo ou até um terceiro julgamento. Ainda estamos trabalhando na construção do caso", afirmou o comandante.

A violência sexual contra a mulher no Brasil

No primeiro semestre de 2020, foram registrados 141 casos de estupro por dia no Brasil. Em todo ano de 2019, o número foi de 181 registros a cada dia, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 58% de todos os casos, a vítima tinha até 13 anos de idade, o que também caracteriza estupro de vulnerável, um outro tipo de violência sexual.

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.

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