Esforço do Brasil em negociar tarifaço de Trump foi eficaz, diz Ricupero
O esforço promovido pelo governo brasileiro ao se propor a negociar o tarifaço de Donald Trump com autoridades americanas se mostrou eficaz, avaliou o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Rubens Ricupero no UOL News, do Canal UOL.
Eu acho que, de fato, o envio da missão que esteve lá e da própria atitude do ministro da Indústria e do Comércio [Geraldo Alckmin] foi muito positivo. Isso tudo mostra a eles que o Brasil não faz parte do problema. Eles estão focados mais naqueles países que possuem saldo comercial com os Estados Unidos. Rubens Ricupero, ex-embaixador do Brasil nos EUA
No mês passado, integrantes do governo Lula (PT) tiveram reuniões técnicas com representantes do governo norte-americano para discutir as tarifas impostas pelos EUA sobre aço e alumínio. O governo brasileiro trabalha, nos bastidores, para restabelecer as quotas de importação a taxa de 25%. Por enquanto, não houve avanço significativo.
Trump anunciou hoje um "tarifaço" global sobre impostos de importação, com outros produtos brasileiros sendo taxados em ao menos 10%. A data foi nomeada pelo republicano como o "dia de libertação".
Os americanos têm uma vantagem enorme na área de serviços, de propriedade intelectual, de remessas de royalties, de tecnologia. E tem que ser visto na questão da balança comercial. Mas o Trump é o homem do passado. Está focado mais no déficit comercial.
E foi eficaz o esforço da comissão brasileira de negociar. Eu repito: não caso brasileiro, não há razão para queixas. Então, eles aplicaram a nova tarifa universal de 10%, no mais baixo nível possível. Não se trata de uma represália. Represália seria se eles aplicassem 20%, 30%, 40%. Rubens Ricupero, ex-embaixador do Brasil nos EUA
Hoje, a Câmara dos Deputados aprovou o PL (Projeto de Lei) que impõe a reciprocidade de regras ambiental e comercial nas relações do Brasil com outros países.
A lei aprovada é um movimento de reação às taxas impostas pelo governo americano de Donald Trump aos produtos do Brasil, principalmente o aço: desde o mês passado, os Estados Unidos passaram a cobrar a taxa de importação de 25% sobre o aço e alumínio enviados pelo Brasil, Canadá e México.
Quadro de Trump está 'manipulado', diz economista
O quadro exibido pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no qual mostra as supostas tarifas aplicadas por parceiros comerciais a produtos americanos, apresenta números manipulados e com taxas que não fazem o menor sentido, afirmou o economista Pedro Rossi no UOL News.
Um detalhe: aquele quadro, aqueles números, está tudo manipulado. Porque o detalhe que aquele quadro traz, que são as tarifas e a manipulação de moedas, ou seja, a manipulação cambial. Isso para calcular o desalinhamento cambial, você precisa de várias hipóteses. Então, tem algumas taxas ali que não fazem o menor sentido. Pedro Rossi, economista
Assista à entrevista:
Sakamoto: Trump vai à guerra e promete o céu, mas pode entregar o inferno
No UOL News, a colunista Leonardo Sakamoto afirmou que, ao anunciar as novas tarifas a produtos de parceiros comerciais, Trump prometeu dar o "céu" ao trabalhador americano, mas poderá entregar um "inferno", caso as medidas provoquem o aumento da inflação local.
O presidente Trump declarou guerra comercial ao mundo aumentando as tarifas para a importação. Em seu discurso, ele prometeu o 'céu aos trabalhadores', com saltos nos postos de trabalho que virão das empresas que devem ampliar a sua produção nos EUA. Mas ele pode acabar entregando um inferno se houver o aumento da inflação com as medidas protecionistas. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Sakamoto acredita que o efeito disso tudo pode ser desastroso para o futuro político de Trump.
Se os trabalhadores norte-americanos não conseguirem comprar os produtos que desejam ou precisam, eles vão jogar a conta na Casa Branca. E não adianta explicar que o plano será de longo prazo. Uma parte do eleitorado menos polarizado pode optar por deputados e senadores democratas nas eleições de meio de período no ano que vem. Daí, este dia, sim, será lembrado como dia da libertação. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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