Terremoto em Mianmar: rebeldes anunciam cessar-fogo para ajuda humanitária
Uma grande aliança rebelde em Mianmar declarou hoje um cessar-fogo temporário e unilateral em seu conflito no país para apoiar uma resposta humanitária ao terremoto da última sexta-feira.
O que aconteceu
A Aliança das Três Irmandades disse que vai suspender operações ofensivas por um mês. O grupo compreende o Exército da Aliança Democrática de Mianmar, o Exército de Libertação Nacional de Ta'ang e o Exército de Arakan.
Rebeldes afirmaram que esforços humanitários são ''urgentes e necessários''. Em uma declaração conjunta, eles disseram que desejam que a ajuda à população afetada pelo terremoto seja realizada o mais rápido e eficazmente possível.
Guerra civil em Mianmar estava dificultando trabalho de socorro às vítimas. "O acesso a todas as vítimas é um problema... dada a situação do conflito. Há muitos problemas de segurança para acessar algumas áreas nas linhas de frente em particular", disse Arnaud de Baecque, representante residente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Mianmar, à Reuters.
Um grupo rebelde disse que o exército governante de Mianmar seguia realizando ataques aéreos após o terremoto. O ministro das Relações Exteriores de Cingapura pediu, então, ainda durante o final de semana um cessar-fogo imediato para ajudar nos esforços de socorro às vítimas.
Mais de 2 mil mortos e centenas de desaparecidos
O número de mortos no terremoto em Mianmar aumentou para 2.719. Outras 4.521 pessoas ficaram feridas e 441 continuam desaparecidas.
Sobreviventes em Mandalay contam que escavaram com as próprias mãos para tentar salvar quem estava preso. Eles relatam a falta de maquinário pesado e a ausência de autoridades. "Não há ajuda simplesmente porque não há mão de obra, equipamentos ou veículos", disse um morador que não quis se identificar.
Com medo de novos desabamentos, centenas de moradores improvisaram acampamentos para dormir nas ruas. "Não ousamos voltar para casa porque temos medo de que um prédio no bairro desmorone sobre nós", afirmou Hlaing Hlaing Hmwe, 57 anos.
Birmaneses convivem com o calor de 40 ºC e o cheiro forte de corpos em decomposição, apesar do trabalho das ambulâncias para transportar as vítimas. Até agora, cerca de 300 corpos foram transportados, forçando os funcionários do crematório Kyar Ni Ban a trabalhar seis horas extras.
* Com informações da Reuters