Doca x Peixão: quem são os líderes de facções em guerra no RJ
O líder do CV (Comando Vermelho), Edgar Alves de Andrade, o Doca, estava na mira do TCP (Terceiro Comando Puro), facção criminosa evangélica do Rio de Janeiro. Segundo investigação da Polícia Federal, uma ação coordenada por Alvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, queria usar drones de guerra para matar o oponente.
O TCP e o CV vivem uma disputa de território no Rio de Janeiro e a gente conta quem são os líderes envolvidos:
Peixão, do TCP
Alvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, é apontado como um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro. Ele tem sete mandados de prisão por crimes como tráfico de drogas, associação para o tráfico, homicídio e ocultação de cadáver.
Peixão é considerado o chefe do tráfico em conjunto de favelas. A região de atuação inclui Parada de Lucas, Vigário Geral e Cidade Alta.
É acusado de trazer drogas de outros países. Peixão tem sido um dos principais líderes do TCP na negociação para trazer drogas e armas de países como Paraguai, Colômbia e Venezuela devido à sua rede de contatos no exterior.
Evangélico, transmite orações via rádio. Além disso, utiliza o espaço para compartilhar visões e revelações que recebe, segundo a pesquisadora Viviane Costa, autora do livro "Traficantes Evangélicos", em entrevista à Ponte. Sua vida cristã, no entanto, é cercada de mistério: dizem que ele seria pastor, mas ninguém sabe exatamente de qual denominação.
Peixão construiu um "resort de luxo" no Complexo de Israel, no Rio de Janeiro. O imóvel de luxo foi construído em área de preservação ambiental, com dinheiro ilícito. Para a construção, foi feita a retirada de vegetação nativa e alteração do curso d'água. Local tem lago artificial para criação de carpas, academia com equipamentos modernos e uma piscina. A academia, por exemplo, foi identificada como um dos pontos de encontro da facção.
Ele foi acusado de ataques contra religiões diferentes. Em julho de 2024 Peixão teria espalhado rumores entre moradores do Complexo de Israel de que bandidos armados iriam a igrejas católicas da região para fechá-las. Por precaução, três igrejas fecharam temporariamente. Além disso, o traficante não permite a prática de religiões de matriz africana. O comum é expulsar moradores, invadir terreiros e depredar centros religiosos.
Ele é considerado foragido da Justiça. Contra ele já foram expedidos dez mandados de prisões por crimes como tráfico de drogas, homicídio e ocultação de cadáver.
Traficante invadiu áreas que eram redutos históricos do Comando Vermelho. Segundo fontes na Polícia Civil ouvidas pelo UOL, Peixão expandiu a sua área de domínio entre o fim de 2017 e o começo de 2018. A Tropa do Arão surgiu na Parada de Lucas, depois tomando o controle de Vigário Geral, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas, na zona norte do Rio.
Doca, do CV
Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, é apontado como o principal líder da facção. Ele também é conhecido como Urso e atualmente estaria chefiando o tráfico de drogas no Morro do São Simão, em Queimados, na Baixada Fluminense.
Ele foi preso há 18 anos, mas conseguiu fugir em 2017. Segundo a Folha de S.Paulo, ele tem condenações por tortura, homicídio, tráfico.
Doca tem vários mandados de prisão em aberto. Um deles é o caso que envolveu os três meninos que desapareceram em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, em 2021. Segundo as investigações, o traficante mandou executar a todos que mataram as crianças. Ele também é apontado pela polícia como responsável pela tentativa de sequestro do helicóptero do piloto Adonis Lopes.
Ele é suspeito de ter ordenado o assassinato de traficantes envolvidos no ataque ao quiosque na Barra da Tijuca. A ação deixou três médicos mortos e um ferido em 2023.
*Com informações de reportagens publicadas em 27/03/2025, 19/03/2025, 11/03/2025,11/03/2025,10/10/2023,