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Assessor de Trump usa Gmail para passar informações sigilosas, diz jornal

Michael Waltz, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, foi escolhido para cargo de conselheiro de Segurança Nacional do governo Trump - ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
Michael Waltz, membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, foi escolhido para cargo de conselheiro de Segurança Nacional do governo Trump Imagem: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
do UOL

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/04/2025 20h19Atualizada em 01/04/2025 20h19

Mike Waltz, conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, usou sua conta pessoal do Gmail para comunicar decisões de governo a sua equipe, segundo apuração do jornal The Washington Post.

Waltz foi o responsável por adicionar o editor-chefe da revista The Atlantic a um grupo que passava informações sigilosas sobre ataques bélicos aos houthis do Iêmen.

O que aconteceu

Waltz e equipe conversaram sobre "posições militares sensíveis e sistemas de armas poderosos". As conversas, de alto teor técnico, foram feitas em trocas de e-mails. Entretanto, enquanto os funcionários de Waltz mandaram as mensagens de contas do governo, o conselheiro de Trump usou sua conta pessoal do Gmail.

Waltz também recebia agenda de reuniões e outras informações em Gmail. Segundo entrevistados do Washington Post, ele direcionava esses emails ao Signal, outro aplicativo usado por oficiais do governo Trump, mas não aprovado como canal oficial e seguro para comunicações sobre assuntos de governo.

Gmail não é ferramenta padrão para troca de informações sobre governo. Funcionários do governo americano usam um serviço interno de comunicação, mais difícil de ser hackeado e com criptografia mais intensa, para impedir que informações sigilosas vazem.

Porta-voz do Conselho de Segurança Nacional negou. Brian Hughes disse não ter visto evidências de que Waltz usou seu e-mail pessoal para discutir assuntos de governo. "Waltz não enviou e não enviaria informações confidenciais sobre uma conta aberta", disse.

Waltz vazou informações sigilosas a jornalista

Jeffrey Goldberg - Reprodução/YouTube/CBS Evening News - Reprodução/YouTube/CBS Evening News
Jeffrey Goldberg
Imagem: Reprodução/YouTube/CBS Evening News

Editor da revista The Atlantic foi adicionado em grupo sobre planos de guerra. Jeffrey Goldberg, editor-chefe do The Atlantic, disse em uma reportagem que Waltz o adicionou inesperadamente em 13 de março a um grupo de bate-papo criptografado no aplicativo de mensagens Signal, coordenando a ação dos EUA contra os Houthis, grupo rebelde do Iêmen responsável por ataques à navegação no Mar Vermelho.

Governo Trump afirmou que nenhum material sigiloso estava nos grupos. A diretora da Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, e o diretor da CIA, John Ratcliffe — ambos presentes no bate-papo — afirmaram em depoimento perante o Comitê de Inteligência do Senado que nenhum material confidencial foi compartilhado.

Membros do comitê disseram que planejavam uma auditoria das conversas. O líder da maioria republicana no Senado, John Thune, disse nesta terça-feira esperar que o Comitê de Serviços Armados do Senado analisasse o uso do Signal pelas autoridades do governo Trump. "É difícil para mim acreditar que os alvos, o tempo e as armas não tenham sido confidenciais", disse o senador Angus King, um independente do Maine que faz parte do grupo dos democratas, durante a audiência.

Trump apoiou Waltz e minimizou falha. "Michael Waltz aprendeu uma lição, e ele é um bom homem", disse Trump à NBC News em uma entrevista por telefone. Em seguida, diminuiu a falha, afirmando que nada grave foi vazado: "foi a única falha em dois meses [de governo] e, no final das contas, não foi séria".

Mais tarde, Trump sugeriu que se tratava de um erro no aplicativo. Na mesma entrevista, o presidente acusou o aplicativo de um "glitch", e mesmo que não era seguro o suficiente para uso do governo. Já em reunião com embaixadores, afirmou que Waltz "não devia se desculpar".

Waltz acabou assumindo culpa por vazamento. "Fui eu quem criou o grupo; meu trabalho é garantir que tudo esteja coordenado", declarou Waltz à Fox News, em sua primeira entrevista desde que a revista The Atlantic revelou a falha. Ele afirmou que não conhece pessoalmente Jeffrey Goldberg, o jornalista adicionado por engano ao grupo.

Democratas já pediram saída de Waltz por vazar segredos de guerra a jornalista. O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, descreveu-a como "uma das violações mais surpreendentes à inteligência militar" que ele viu em "muito tempo" e pediu uma investigação completa.

Com AFP, Reuters e RFi

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