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Condenação a 5 anos de inelegibilidade tira Marine Le Pen da próxima eleição presidencial francesa

31/03/2025 08h52

Após ter anunciado nesta segunda-feira (31) a condenação da líder da extrema direita francesa, Marine Le Pen, o Tribunal Correcional de Paris definiu as penas dela e de outros oito membros do partido Reunião Nacional. Le Pen recebeu quatro anos de prisão, dois com sursis, e estará inelegível durante cinco anos.

A Justiça francesa considerou Marine Le Pen, oito colegas de legenda e 12 assistentes parlamentares culpados de desvio de fundos públicos europeus. A condenação ocorre dentro do caso dos falsos assistentes parlamentares, crimes cometidos entre 2004 e 2016 no Parlamento Europeu.

Pouco depois, a corte anunciou as penas: quatro anos de prisão e cinco anos de inelegibilidade a Marine Le Pen, o que a deve impedir de se candidatar à próxima eleição presidencial francesa, em 2027. No entanto, a líder da extrema direita não deve ir para a prisão, já que o Tribunal Correcional de Paris permite que ela cumpra dois anos em regime domiciliar, com uma tornozeleira eletrônica. Já a inelegibilidade tem execução imediata. 

Segundo o Tribunal Correcional de Paris, o prejuízo total do desvio de verbas foi de € 2,9 milhões (R$ 18 milhões), por fazer "o Parlamento Europeu pagar pessoas que, na realidade, trabalhavam para o partido". "Trata-se de garantir que os políticos, assim como todos os cidadãos, não se beneficiem de um regime de privilégios", declarou a presidente da corte, Bénédicte de Perthuis.

O Reunião Nacional também foi condenado a pagar € 2 milhões de multa (R$ 12,46 milhões), dos quais € 1 milhão com sursis (R$ 6,23). Já Marine Le Pen deve desembolsar € 100 mil (R$ 622 mil).

Reações

Após o anúncio da condenação, dirigentes estrangeiros e políticos franceses se manifestaram. A Rússia foi a primeira a reagir, criticando uma "violação das normas democráticas". O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov considerou, no entanto, que a decisão da Justiça francesa é "um assunto interno".

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, foi a segunda liderança a apoiar a chefe do Reunião Nacional. "Sou Marine", escreveu o dirigente ultraconservador na rede social X. 

Na França, o líder do partido União das Direitas pela República, Eric Ciotti, denunciou uma "perseguição judicial indigna". Segundo ele, a decisão do tribunal "confisca o destino democrático da nossa nação".

A líder do partido Europa Ecologia Os Verdes, Marine Tondelier, considera que Le Pen "deve cumprir sua pena". "Quando se dá lições de exemplaridade a todo mundo, devemos começar por nós mesmos", disse.

Já o partido da esquerda radical França Insubmissa declarou em comunicado que "os fatos comprovados" na condenação são graves e "contradizem o slogan 'cabeça erguida, mãos limpas'" do Reunião Nacional. A legenda promete continuar combatendo a extrema direita "nas urnas como nas ruas".

Destino do partido

No domingo (30), no jornal La Tribune Dimanche, a líder do Reunião Nacional (RN) disse não acreditar na possibilidade de sua condenação. "Ouço por aí que estamos nervosos. Pessoalmente, não estou, mas entendo que alguns possam estar... Os juízes têm o poder de definir o destino do nosso partido", afirmou.

Uma pesquisa do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) para o jornal JDD publicada neste fim de semana, indicou que se uma eleição presidencial fosse realizada hoje, Marine Le Pen ficaria amplamente à frente no primeiro turno, com entre 34% e 37% das intenções de voto, dependendo dos candidatos que enfrentasse.

* Matéria em atualização

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