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Número de mortos em terremoto em Mianmar chega a 1,7 mil, e luta por ajuda se intensifica

30/03/2025 12h51

BANGCOC (Reuters) - O número de vítimas do terremoto em Mianmar continuou a subir neste domingo, enquanto equipes de resgate e apoio estrangeiras chegam ao país, onde hospitais estão sobrecarregados e algumas comunidades correm para montar esforços de resgate com poucos recursos.

O terremoto de magnitude 7,7, um dos mais fortes de Mianmar em um século, atingiu o país do Sudeste Asiático, devastado pela guerra, na sexta-feira, deixando cerca de 1.700 mortos, 3.400 feridos e mais de 300 desaparecidos até este domingo, informou o governo militar.

O líder da junta, general Min Aung Hlaing, alertou que o número de mortos pode aumentar e que seu governo enfrenta uma situação desafiadora, conforme reportado pela imprensa estatal, três dias após o general fazer um raro apelo por assistência internacional.

Índia, China e Tailândia estão entre os vizinhos de Mianmar que enviaram materiais de socorro e equipes, juntamente com ajuda e pessoal da Malásia, Cingapura e Rússia.

"A destruição foi extensa, e as necessidades humanitárias aumentam a cada hora", disse a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho em um comunicado.

"Com as temperaturas subindo e a temporada de monções se aproximando em apenas algumas semanas, há necessidade urgente de estabilizar as comunidades afetadas antes que crises secundárias surjam."

Os Estados Unidos prometeram dar US$2 milhões em ajuda "por meio de organizações de assistência humanitária sediadas em Mianmar" e disseram em um comunicado que uma equipe de resposta a emergências da Usaid, cujo orçamento tem passado por grandes cortes no governo Trump, está sendo enviada a Mianmar.

A devastação trouxe mais miséria para Mianmar, que já estava mergulhada no caos por conta de uma guerra civil que surgiu de um levante nacional após o golpe militar de 2021, que depôs o governo eleito da vencedora do Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.

Infraestrutura crítica -- incluindo pontes, rodovias, aeroportos e ferrovias -- em todo o país, que possui 55 milhões de habitantes, está danificada, atrasando esforços humanitários, enquanto o conflito que devastou a economia, deslocou mais de 3,5 milhões de pessoas e debilitou o sistema de saúde continua.

Em algumas áreas próximas ao epicentro do terremoto, moradores disseram à Reuters que a assistência do governo é escassa, deixando as pessoas entregues à própria sorte.

"É necessário restaurar as rotas de transporte o mais rápido possível", disse Min Aung Hlaing a autoridades no sábado, segundo a mídia estatal. "É necessário consertar as ferrovias e também reabrir os aeroportos para que as operações de resgate sejam mais eficazes."

O modelo preditivo do Serviço Geológico dos Estados Unidos estima que o número de mortos em Mianmar pode eventualmente ultrapassar 10.000 e que as perdas podem exceder a produção econômica anual do país.

"NEM AJUDA, NEM SOCORROS"

Hospitais em partes do centro e noroeste de Mianmar, incluindo a segunda maior cidade, Mandalay, e a capital Naypyitaw, estavam tendo dificuldades para lidar com o elevado fluxo de feridos, informou o escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários na noite de sábado.

O terremoto também abalou partes da Tailândia, derrubando um arranha-céu em construção e matando 18 pessoas na capital, de acordo com autoridades tailandesas.

Pelo menos 76 pessoas permanecem presas sob os escombros do prédio que desabou em Bangcoc, e as operações de resgate seguem pelo terceiro dia com o uso de drones e cães farejadores para procurar sobreviventes.

O Governo de Unidade Nacional de Mianmar, da oposição, que inclui remanescentes do governo anterior, disse que as milícias anti-junta sob seu comando irão suspender todas as ofensivas militares por duas semanas a partir deste domingo.

A devastação em algumas áreas do norte de Mianmar, como a cidade de Sagaing, próxima ao epicentro do terremoto, foi extensa, disse Han Zin, morador da região.

"O que estamos vendo aqui é uma destruição generalizada -- muitos prédios desabaram", disse ele por telefone, acrescentando que grande parte da cidade está sem eletricidade desde que o desastre ocorreu e que a água potável está se esgotando.

"Não recebemos ajuda e não há equipes de socorro à vista."

(Reportagem da redação de Bangcoc, Shoon Naing e Wa Lone)

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