Começa campanha para primeira eleição do Judiciário no México
A campanha para a primeira eleição de integrantes do Poder Judiciário do México de 1° de junho, um exercício único no mundo, iniciou neste domingo (30) com milhares de candidatos que buscam 881 cargos federais e 1.749 locais.
As eleições serão realizadas após uma reforma constitucional aprovada pela situação de esquerda em meio a críticas da oposição e de diversos setores econômicos e sociais.
"A partir de hoje [domingo] e até 28 de maio, é o período de campanha para as candidaturas ao Poder Judiciário", publicou o Instituto Nacional Eleitoral (INE) em sua conta no X.
A modificação na Carta Magna foi promovida pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, contrariando juízes e ministros da Suprema Corte, os quais acusava de supostos atos de corrupção.
A atual mandatária, Claudia Sheinbaum, próxima de seu antecessor, apoia plenamente esse ato que promove como "histórico" em seus eventos públicos.
Para os cargos federais estão inscritos 3.422 candidatos, entre eles os que concorrem à Suprema Corte, que será renovada em sua totalidade e passará de 11 para nove ministros.
Nessas eleições, estarão em jogo metade dos cargos federais e locais, e outro pleito está previsto em 2027 para as vagas restantes.
A campanha também é inédita, porque os candidatos não terão acesso a recursos públicos nem vão dispor de espaços oficiais nos meios de comunicação para se promover, como ocorre nas eleições gerais.
Segundo as normas definidas pelas autoridades eleitorais, os candidatos terão nas redes sociais o seu principal espaço de promoção, porém a contratação de publicidade está proibida.
Poderão participar de debates, mas estão impedidos de realizar comícios, enquanto os limites de gastos de campanha vão de 10.800 a 72.000 dólares (62 mil a 415 mil reais), dependendo do cargo em disputa, local ou federal.
O único caso similar ao do México na América Latina é o da Bolívia, onde os magistrados das altas cortes são eleitos por voto popular, enquanto os juízes comuns são designados por um conselho do Judiciário.
A maior parte dos atuais membros do Supremo mexicano, os Estados Unidos e uma relatoria da ONU alertaram que o voto popular ameaça a independência dos poderes, pois os juízes podem ser alvo de manipulações políticas ou do narcotráfico.
Dez dos candidatos foram apontados pela imprensa local de suposto envolvimento com atos ilícitos ou casos de violência de gênero.
Cerca de 100 milhões de mexicanos estão aptos a votar nessas eleições.
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© Agence France-Presse