Um dia após protestos, PM isola sede da B3 para leilão da CPTM
Um dia após um protesto contra a privatização de três linhas da CPTM terminar em confronto com forças de segurança, policiais militares e guardas civis municipais bloquearam o acesso de pedestres ao entorno da Bolsa de Valores, no centro histórico de São Paulo, nesta tarde.
O prédio recebeu o leilão de concessão das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM e da prestação de serviço do Expresso Aeroporto, com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O Grupo Comporte foi o vencedor.
O que aconteceu
Houve novo protesto contra a concessão, porém menor que ontem, e longe da entrada da B3. Ato foi marcado pelo Sindicato dos Trabalhadores (as) em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil. O movimento contou com apoio dos sindicatos dos Trabalhadores de Empresas Ferroviárias de São Paulo, dos metroviários do estado e do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado).
O isolamento da área pelas forças de segurança impediu o acesso dos manifestantes. A Polícia Militar, em nota ao UOL, afirmou que a manifestação transcorreu de forma pacífica, sem registro de intercorrências. O ato acabou por volta das 17h30.
Manifestantes chamaram Tarcísio de "bandido privatista". Ao UOL, manifestantes relembraram as falhas e intercorrências em linhas privatizadas em São Paulo e temem que isso se repita nas novas linhas concedidas à iniciativa privada. Além de Tarcísio, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), compareceu ao leilão.
Sindicato cita que transporte metroferroviário ficou pior após privatizações em São Paulo. "Desde 2022, já foram leiloadas duas linhas da CPTM, que são as linhas 8 e 9. E o que aconteceu foi um modelo que não deu certo. Em comparação com a CPTM, que operava aquele trecho, a satisfação dos passageiros naquela linha era mais de 85%. Hoje, a satisfação do passageiro é abaixo de 50%", afirmou ao UOL Eluiz Alves de Matos, presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo, que estava presente no ato.
"Hoje, está acontecendo o leilão das linhas 11, 12 e 13, que é o Alto Tietê, que atende a zona leste de São Paulo, uma região carente, que depende exclusivamente do transporte de alta capacidade da CPTM e o governo quer entregar praticamente graciosamente para os concessionários. Por quê?", acrescentou Alves.
Ontem, manifestantes ficaram feridos em confronto com a polícia. Ato em frente à sede da STM (Secretaria de Transportes Metropolitanos), também na região central, exigia que a secretaria abrisse diálogo sobre a privatização de linhas da CPTM. O protesto foi convocado pelo movimento Amigos e Familiares dos Ferroviários contra as Privatizações.
Manifestantes chegaram a ocupar a sede da secretaria. Sob condição de anonimato, um representante sindical dos ferroviários afirmou que o grupo tentava negociar uma abertura de diálogo pela STM para que reivindicações contra a privatização das linhas da CPTM fossem ouvidas. Porém, a pasta responsável pelo plano de concessões é a SPI (Secretaria de Parcerias em Investimentos).
Ferroviários indicaram greve no início da semana contra a privatização das linhas da CPTM, mas paralisação foi suspensa. O sindicato reclama da "falta de diálogo" do governo com a categoria, que receia planos de demissão em massa de servidores e a piora no serviço de transporte prestado à população (leia mais aqui).
Grupo Comporte vence leilão de linhas da CPTM
O grupo Comporte venceu hoje o leilão. Concessão vai durar 25 anos e inclui o Expresso Aeroporto, que liga a estação da Luz ao Aeroporto de Guarulhos (SP).
Grupo CCR S/A e Comporte Participações S/A foram as únicas duas empresas que apresentaram propostas. CCR já opera linhas 4-Amarela e 5-Lilás do Metrô, e linhas 9-Esmeralda e 8-Diamante da CPTM. Comporte faz parte do consórcio que administrará o Trem Intercidades, que vai ligar a capital a Campinas (SP).
Durante os 25 anos da concessão, vencedora deve requalificar as três linhas e ampliar a rede ferroviária em 22,4 km. Trens devem chegar às estações Palmeiras-Barra Funda e César de Souza. Oito novas estações devem ser construídas, e 24 que já existem devem ser reformadas. Todas as passagens de pedestres em nível na Linha 11 devem ser substituídas por passarelas, viadutos ou túneis.