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Ucrânia diz que acordo sobre minerais não é definitivo; resumo mostra que EUA exigem mais renda

28/03/2025 10h46

Por Pavel Polityuk e Erin Banco e Gram Slattery e Andrea Shalal

KIEV/WASHINGTON (Reuters) - Os termos de um acordo sobre minerais entre a Ucrânia e os Estados Unidos ainda não foram finalizados, disseram autoridades ucranianas nesta sexta-feira, depois que um resumo da última oferta de Washington sugeriu que o país estava exigindo toda a renda dos recursos naturais da Ucrânia durante anos.

A última proposta dos EUA exigiria que Kiev enviasse a Washington todo o lucro de um fundo que controla os recursos ucranianos até que a Ucrânia tivesse reembolsado toda a ajuda norte-americana durante a guerra, mais os juros, de acordo com o resumo, analisado pela Reuters.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Yulia Svyrydenko, disse aos parlamentares do país que Kiev emitiria sua posição sobre o novo projeto somente quando houvesse consenso. Até lá, a discussão pública seria prejudicial, disse ela.

Mykhailo Podolyak, um funcionário graduado do gabinete do presidente Volodymyr Zelenskiy, disse à Reuters que, por enquanto, não há uma minuta finalizada: "As consultas ainda estão ocorrendo no nível dos vários ministérios", disse ele, recusando-se a dar mais detalhes.

Outra fonte ucraniana descreveu o documento completo apresentado pelos norte-americanos como "enorme".

O governo Trump, que reorientou a política de Washington para endossar a narrativa da Rússia sobre a guerra de três anos na Ucrânia, vem pressionando Kiev há semanas para assinar um acordo que dê a Washington uma participação nos recursos da Ucrânia.

Zelenskiy disse várias vezes que aceita a ideia, embora não queira assinar um acordo que empobreceria seu país. Na quinta-feira, ele disse que Washington estava constantemente mudando os termos, mas que não queria que os EUA pensassem que ele se opunha em princípio.

Três pessoas familiarizadas com as negociações em andamento disseram que Washington havia revisado suas propostas. O último esboço não dá à Ucrânia nenhuma garantia de segurança futura e exige que ela contribua para um fundo de investimento conjunto com toda a renda proveniente do uso de recursos naturais gerenciados por empresas estatais e privadas.

De acordo com o resumo, ele estipula que Washington tem os primeiros direitos de comprar recursos extraídos e recuperar todo o dinheiro que deu à Ucrânia desde 2022, mais juros a uma taxa anual de 4%, antes que a Ucrânia comece a ter acesso aos lucros do fundo.

As receitas orçamentárias da Ucrânia em 2024 incluíram, entre outras coisas, US$1,2 bilhão em pagamentos pelo uso de recursos de subsuperfície, US$1,8 bilhão em dividendos e outros pagamentos da participação do Estado em empresas estatais e US$19,4 bilhões em lucros de empresas estatais, segundo dados do Ministério das Finanças.

O fundo de investimento conjunto seria administrado pela U.S. International Development Finance Corporation e teria uma diretoria composta por cinco pessoas, três indicadas pelos EUA e duas pela Ucrânia. Os fundos seriam convertidos em moeda estrangeira e transferidos para o exterior.

A proposta atualizada foi relatada pela primeira vez pelo Financial Times.

Uma versão anterior do acordo, com a qual a Ucrânia concordou em princípio antes de Zelenskiy visitar a Casa Branca no mês passado, tinha termos que pareciam mais favoráveis à Ucrânia. Ela propunha um fundo de investimento conjunto, com a Ucrânia contribuindo com 50% dos lucros provenientes de lucros futuros de recursos naturais de propriedade estatal.

A visita de Zelenskiy em 28 de fevereiro terminou com Trump repreendendo-o no Salão Oval, seguido por vários dias durante os quais Washington suspendeu todo o apoio de inteligência e ajuda militar à Ucrânia.

Desde então, Zelenskiy tem andado com cuidado, agradecendo repetidamente aos Estados Unidos pelo apoio.

No início deste mês, a Ucrânia concordou com uma proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias, embora tenha sido rejeitada pela Rússia.

Na semana passada, a Ucrânia e a Rússia concordaram em interromper os ataques à infraestrutura de energia e ao mar, mas Moscou exigiu que as sanções internacionais fossem atenuadas antes de aceitar a trégua marítima.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, está liderando as negociações sobre o acordo mineral. Em uma entrevista à Fox News no início desta semana, ele disse que os EUA haviam "passado um documento completo para a parceria econômica" e Washington esperava "talvez até conseguir assinaturas na próxima semana".

Trump disse que um acordo de minerais ajudará a garantir um acordo de paz, dando aos Estados Unidos uma participação financeira no futuro da Ucrânia. Ele também vê isso como uma forma de os Estados Unidos recuperarem parte das dezenas de bilhões de dólares que deram à Ucrânia em ajuda financeira e militar desde a invasão da Rússia em 2022. A maior parte dos fundos de ajuda foi gasta nos Estados Unidos.

O resumo da proposta não faz menção ao fato de os EUA assumirem a propriedade das usinas nucleares da Ucrânia, outra proposta apresentada por Trump.

(Reportagem de Pavel Polityuk, em Kiev, e Gram Slattery, Erin Bano e Andrea Shalal, em Washington)

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