Putin sugere "administração transitória" liderada pela ONU na Ucrânia
O presidente russo, Vladimir Putin, propôs nesta sexta-feira (28) um "governo transitório" para a Ucrânia, coordenado pela ONU. O objetivo é organizar uma eleição presidencial "democrática" no país antes da negociação de um acordo de paz.
Reunidos nesta quinta-feira (28) em Paris, os aliados europeus da Ucrânia discutiram quais seriam as "garantias" para Kiev em caso de cessar-fogo. O Reino Unido e a França propuseram a implantação de uma "força de segurança" no país, em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022.
Nesta sexta-feira (28), o Ministério francês das Forças Armadas anunciou uma reunião entre os ministros da Defesa dos aliados da Ucrânia no próximo 10 de abril, em Bruxelas, para continuar discutindo a questão.
Uma missão franco-britânica deve visitar a Ucrânia "nos próximos dias", segundo o presidente francês Emmanuel Macron, para discutir "qual será o 'formato' do Exército ucraniano", que continua sendo, segundo ele, "a principal garantia de segurança" do país.
Putin defende eleições para tirar Zelensky do poder
"É claro que poderíamos discutir com os Estados Unidos, até mesmo com países europeus. É claro também que podemos conversar com nossos parceiros e amigos, sob a supervisão da ONU, sobre a possibilidade de estabelecer um governo de transição na Ucrânia", disse Vladimir Putin durante uma reunião com marinheiros russos nesta quinta em Murmansk, no noroeste do país.
"Para quê? Organizar uma eleição presidencial democrática que resultaria na chegada ao poder de um governo competente que teria a confiança do povo, e assim iniciar negociações com essas autoridades sobre um acordo de paz e assinar documentos legítimos", explicou.
"Nossas forças têm a iniciativa estratégica"
A Rússia vem reiterando que não considera Volodymyr Zelensky presidente da Ucrânia, já que seu mandato expirou oficialmente em maio de 2024. No contexto das atividades de manutenção da paz da ONU, a chamada administração transitória já foi aplicada várias vezes, lembrou o presidente russo, citando em particular o caso de Timor-Leste, em 1999.
Putin também garantiu que as forças russas tinham "iniciativa estratégica" em toda a linha de frente na Ucrânia. Para ele, "o próprio povo ucraniano deve entender o que está acontecendo".
"Em toda a linha de frente, nossas forças têm a iniciativa estratégica. Há razões para acreditar que vamos acabar com eles", disse Vladimir Putin. O Exército russo anuncia diariamente a captura de novas regiões ucranianas.
Ataques a infraestruturas energéticas
A Rússia acusou a Ucrânia de atacar a infraestrutura de energia em seu território nesta quinta e sexta-feira, violando um acordo que deveria proibir ataques a esses tipos de alvos.
Em um comunicado, o Ministério da Defesa russo disse que os compromissos públicos de Kiev para interromper os ataques eram apenas uma "manobra" do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
A ofensiva ucraniana com mísseis Himars fabricados nos EUA provocou um "grande incêndio" e destruiu a estação de medição de gás em Suzha, na região russa de Kursk, onde ocorrrem os combates. As autoridades ucranianas negaram as acusações e disseram que os russos atacaram instalações de gás no país.
Após vários dias de negociações realizadas separadamente entre ucranianos e russos na Arábia Saudita, os EUA anunciaram na terça-feira (25) que Kiev e Moscou se comprometeram a tomar "medidas para implementar o acordo que proíbe ataques contra instalações de energia" nos dois países.
Mas nenhuma data específica ou condição foi mencionada durante as discussões. O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma moratória imediata de 30 dias sobre ataques às instalações energéticas em 18 de março, após uma conversa por telefone com o presidente americano, Donald Trump. Putin recusou na ocasião uma proposta dos EUA para um cessar-fogo incondicional de um mês, que Kiev aceitou.
(RFI e AFP)