A Fiat acaba de revelar a linha 2026 do seu campeão de vendas, o Argo. Mais uma vez, ficou claro que o fabricante investiu o mínimo possível nele. O lançamento do pequeno hatch da marca italiana foi há oito anos, e de lá para cá ele mudou muito pouco.
Não é comum um carro se manter por tanto tempo com o mesmo visual. Até mesmo seu antecessor, o Palio, recebeu várias mudanças significativas. Em 22 anos de mercado, ele teve cinco desenhos diferentes, ou seja, média de uma mudança a cada quatro anos e meio.
Mas essa é a realidade do Argo e de outros Fiats atuais, como Mobi e Toro, que preservam o mesmo visual desde o lançamento, somente com pequenas mudanças estéticas no período.
O pessoal pode até reclamar, mas para o mercado de usados isso é muito bom. Quanto mais tempo um modelo permanece igual, menores serão as desvalorizações em cada intervalo de ano.
O visual do modelo mais novo pode até ficar datado, mas quem é dono de um dos carros fabricados nos primeiros anos continua com o sentimento de ter um veículo atual na garagem, e sabe que o valor de mercado não sofrerá grandes alterações. Acredito que o melhor exemplo para ilustrar isso é o do antigo Hyundai Tucson, que preservou o mesmo visual por incríveis 14 anos.
Mas não deixa de ser curioso ver que o Fiat de passeio mais vendido do momento parece não receber tanta atenção por parte do seu fabricante. Na real, basta dissecar o número de vendas do Argo para entender os motivos.
No ano passado, o Argo fechou em quarto lugar, não muito atrás do segundo e terceiro colocados, mas bem distante do líder. Dos pouco mais de 91 mil emplacados em 2024, apenas 31% foram parar nas mãos de particulares. Ou seja, a maior parte é de vendas diretas, onde as locadoras deitam e rolam. No acumulado dos dois primeiros meses do ano atual, essa tendência se repete.
O oposto acorre com o Fiat Pulse, modelo claramente baseado no Argo, mas que tem posicionamento de mercado mais acima. Nesse caso, foram emplacados pouco mais de 39 mil Pulses no ano passado, sendo apenas 31% de vendas diretas. Não digitei errado, os dois percentuais são coincidentemente iguais, mas de fatias diferentes do bolo.
Em uma análise livre de minha parte, o Argo não precisa mudar - e por isso não muda. Seu principal comprador não se importa com aparência, mas sim com um bom carro que rentabilize no período que estiver alugado, e que tenha liquidez e baixa desvalorização quando tiver que ser revendido. É provável que a margem de lucro também seja bem mais apertada que do Pulse, não justificando grandes investimentos.
Já o Pulse, também não teve nenhuma grande mudança, mas ele ainda tem pouco mais de três anos de mercado. Pode ter certeza, que não seguirá o caminho do seu irmão Argo, que repito, está há oito anos com o mesmo visual. Aqui, a Fiat cobra mais caro por um produto semelhante, vende mais para particulares que são mais exigentes com atualizações, compete com outros modelos com maior valor agregado, como Renault Kardian e, em breve, Volkswagen Tera, portanto vai ter que investir no modelo em breve.
Para concluir, procurei por outros modelos atuais que mudaram pouco, e a lista é pequena. Além dos já citados Mobi e Toro, o Volkswagen Polo também mudou pouco desde o lançamento, e assim como o Argo, tem como maior cliente as locadoras.
O já citado Tucson voltou recentemente depois de ficar um tempo sem produção, e mesmo em uma geração completamente diferente, preserva o mesmo visual do lançamento, do fim de 2016. Mas ninguém ganha da Renault Oroch, quase a mesma do lançamento, há 10 anos. Podemos ir além, se considerarmos que a picape da marca francesa é baseada no antigo Duster, apresentado em 2011, ou seja, há 14 anos.