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Círculo do Fogo do Pacífico: por que região é tão afetada por terremotos?

Prédio desabou após um forte terremoto atingir o centro de Mianmar  - Ann Wang/REUTERS
Prédio desabou após um forte terremoto atingir o centro de Mianmar Imagem: Ann Wang/REUTERS
do UOL

Colaboração para o UOL*

28/03/2025 11h32Atualizada em 28/03/2025 13h29

Um forte terremoto atingiu hoje Mianmar e Tailândia, deixando pelo menos 153 mortos. O número de feridos, até o momento, é de pelo menos 732 pessoas apenas em Mandalai, uma das principais cidades de Mianmar.

O que explica este fenômeno?

O terremoto, que atingiu uma magnitude de até 7,7 na escala Richter, aconteceu "em ondas". Seu epicentro foi registrado a 16 km a oeste de Mandalai. Após o primeiro tremor mais intenso, um segundo foi registrado pelo Serviço Geológico dos EUA cerca de 12 minutos depois, com intensidade de 6,4 na escala Richter. Outros cinco tremores posteriores foram registrados, todos em torno de magnitude 4 na escala.

A movimentação das placas tectônicas teria sido relativamente superficial, a cerca de 10 km do solo. Por isso, o terremoto foi sentido com tanta intensidade.

Região é frequentemente afetada por tremores. Mianmar e Tailândia estão dentro de uma área de alta atividade sísmica conhecida como Círculo de Fogo do Pacífico, onde acontecem cerca de 90% de todos os terremotos do mundo, segundo estimativas do Serviço Geológico dos EUA.

Círculo de Fogo existiria há pelo menos 35 mil anos, estimaram cientistas do Instituto de Ciências Geológicas e Nucleares da Nova Zelândia em 2020. O anel em forma de ferradura em torno do Oceano Pacífico, de cerca de 40 mil km, não é composto por uma única estrutura —daí os terremotos.

Mapa do Círculo de Fogo do Pacífico - Nolan/Creative Commons - Nolan/Creative Commons
Mapa do Círculo de Fogo do Pacífico
Imagem: Nolan/Creative Commons

O Círculo é, na verdade, uma zona de colisões entre pelo menos 10 diferentes placas tectônicas, os blocos rochosos que compõem a camada mais externa do planeta. As interações entre as "fronteiras" destas placas criaram fossas oceânicas, arcos vulcânicos, bacias sedimentares submarinas (também chamadas de bacias de retroarcos) e cinturões vulcânicos. Ou seja, não há área com maior número de colisões e movimentações na camada mais superficial da Terra.

O solo "treme" no Círculo de Fogo porque os blocos rochosos da superfície terrestre (de cerca de 80 km de espessura) estão, a grosso modo, "boiando" sobre a camada mais fluida e intermediária do planeta. Quando o encontro das placas gera pressão suficiente a altas temperaturas nas profundezas, as rochas se fundem e o magma é expelido pelos vulcões. Como esta área, em especial, possui mais fragmentos, eles se chocam ou se sobrepõem com maior frequência, resultando em mais terremotos e erupções.

Por ali, há ainda entre 750 e 915 vulcões ativos ou inativos, dois terços do total global. O número varia dependendo de quais áreas são consideradas, já que há especialistas que não incluem a Indonésia, por exemplo, nesta região. Três dos quatro vulcões mais ativos do mundo —o Monte Santa Helena, nos EUA, o Monte Fuji, no Japão, e o Monte Pinatubo, nas Filipina — são parte do Círculo de Fogo.

Em média, sismógrafos capturam algum tipo de abalo no Círculo de Fogo a cada cinco minutos. Na maioria das vezes, eles não são tão intensos e graves quanto os vistos hoje.

Perigo não é o mesmo para todos: o risco de terremotos é alto em lugares mais elevados ou perto dos limites das placas. O nível de ameaça depende muito da arquitetura e da prevenção de desastres. Ao longo das áreas costeiras, há o perigo de tsunami.

Ondas gigantes provocadas por terremotos ou atividades vulcânicas podem varrer regiões inteiras em pouco tempo. Vulcões próximos ameaçam localidades com erupções, através de gases, poeira, lava e deslizamentos de terra.

O pior terremoto conhecido aconteceu no Círculo de Fogo e abalou o Chile em 22 de maio de 1960. Ele atingiu uma magnitude de 9,5 na escala Richter. Ele está na lista dos recordes dos "Maiores terremotos desde 1900" do Serviço Geológico dos EUA.

Ele é seguido por um terremoto de magnitude 9,2 no Alasca em 1962. O tremor perto da costa noroeste de Sumatra atingiu magnitude 9,1 em 26 de dezembro de 2004 e provocou um tsunami devastador no Oceano Índico. E o terremoto em frente à costa da principal ilha japonesa, em 11 de março de 2011, também levou a um gigantesco tsunami e, subsequentemente, ao desastre nuclear de Fukushima.

Os terremotos dessa lista possuem mais de 8,5 de magnitude e a maioria deles se encontra no Círculo de Fogo do Pacífico.

*Com informações de agências publicadas em 09/12/2019 e 15/01/2020.

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