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Israel bombardeia Beirute após quatro meses de trégua com Hezbollah

28/03/2025 10h25

Israel bombardeou nesta sexta-feira (28) o subúrbio do sul de Beirute, um reduto do Hezbollah, em resposta ao lançamento de foguetes contra o seu território.

O primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, descreveu o ataque como "uma escalada perigosa".

O Exército israelense havia pedido a evacuação de parte da zona ao sul da capital em preparação para o bombardeio, que foi uma resposta ao lançamento de dois "projéteis", dos quais um foi interceptado e o outro caiu em solo libanês.

Além do ataque em Beirute, Israel disparou contra alvos do Hezbollah no sul do Líbano. O Ministério da Saúde libanês reportou cinco mortos nos bombardeios no sul do país, enquanto na capital não houve vítimas fatais.

- Escolas fechadas -

Muitas escolas fecharam nessa região, assim como na cidade costeira de Tiro, que já havia sido bombardeada no último dia 22.

"Decidi levar meus filhos à escola apesar da situação, mas a direção me disse que ela havia fechado devido a ameaças israelenses, e que eu deveria levá-los para casa", disse Ali Qasem, pai de quatro filhos. 

Esta é a segunda vez desde a trégua que entrou em vigor em 27 de novembro que foguetes disparados do Líbano atingem Israel. A primeira foi em 22 de março. 

"Se não houver calma em Kiryat Shmona e nas localidades da Galileia", uma região no norte de Israel, "não haverá calma em Beirute", alertou o ministro da Defesa israelense, Israel Katz. 

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou que Israel atacará "em qualquer lugar do Líbano contra qualquer ameaça". 

Segundo o presidente libanês, Joseph Aoun, "tudo indica (...) que o Hezbollah não é responsável" pelo lançamento de foguetes e anunciou a abertura de uma investigação. 

O presidente francês, Emmanuel Macron, que recebeu Aoun em Paris, descreveu os bombardeios israelenses como "inaceitáveis" e uma "violação do cessar-fogo de novembro".

- Moradores aterrorizados -

No distrito de Hadath, em Beirute, o bombardeio causou uma enorme coluna de fumaça preta.

Entre as ruínas dos prédios queimados, onde os bombeiros tentavam apagar as chamas, os socorristas vasculhavam os escombros e evacuavam os feridos, segundo imagens da AFP. 

Um enorme engarrafamento se formou na entrada dos subúrbios do sul, de onde muitos moradores tentavam fugir. 

"Temos muito medo de que a guerra volte", disse um taxista de 55 anos chamado Mohammad, que estava fugindo com sua família, como fez durante a guerra no final do ano passado.

A agência NNA relatou bombardeios no sul e uma operação militar perto da fronteira, onde disparos foram ouvidos. 

Também reportou bombardeios de artilharia perto de localidades fronteiriças, além de ataques aéreos na região montanhosa de Jezzin, ao norte do rio Litani, para onde acreditava-se que o Hezbollah recuaria.

O exército israelense declarou ter "atacado centro de comando do Hezbollah, infraestruturas terroristas, lançadores e terroristas no sul do Líbano".

O Hezbollah negou "qualquer envolvimento nos foguetes lançados" na sexta-feira do sul do país contra Israel.

As hostilidades no Líbano começaram quando o Hezbollah abriu uma nova frente contra Israel em solidariedade ao Hamas no início da guerra na Faixa de Gaza, que eclodiu após o ataque ao território israelense em 7 de outubro de 2023.

Em setembro de 2024, o conflito se transformou em uma guerra aberta, deixando mais de 4 mil mortos no Líbano e forçou mais de um milhão de pessoas a fugir.

Do lado israelense, o número de mortos subiu para 78, incluindo 48 soldados somados aos 56 mortos em uma ofensiva terrestre no Líbano em setembro, segundo dados oficiais.

Cerca de 60 mil moradores do norte de Israel foram deslocados, e metade ainda não retornou para suas casas, segundo as autoridades.

Apesar do cessar-fogo de novembro e da retirada incompleta dos soldados israelenses do sul do Líbano em 15 de fevereiro, Israel continua atacando o território libanês, e ambos os lados acusam-se regularmente de violar a trégua.

mib-jos/sg/pc/meb/jc/aa/am-lb

© Agence France-Presse

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