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"Se Bolsonaro for culpado, ele tem de se contentar com a punição", diz Lula

27/03/2025 07h36

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, nesta quinta-feira (27), em Tóquio, que espera "que a Justiça faça justiça" no julgamento contra seu antecessor Jair Bolsonaro. "Só espero que a Justiça faça justiça. Se, nos autos do processo, ele [Bolsonaro] for inocente, que seja inocentado. Se ele for culpado, que seja punido. Defendo que ele tenha a presunção de inocência que eu não tive", declarou Lula no último dia de sua visita ao Japão.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na quarta-feira, tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) réu por tentativa de golpe de Estado. Sete ex-ministros e assessores de Bolsonaro também serão julgados por atos golpistas.

"É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no país, [...] que ele tentou contribuir para o meu assassinato, para o assassinato do vice-presidente [Geraldo Alckmin], [...] e todo o mundo sabe o que aconteceu", acrescentou Lula.

"Prova que é inocente e vai ficar livre, e acabou. Agora, como ele não tem como provar que é inocente, como ele não tem como provar que não tentou dar o golpe, ele fica tentando fazer provocação ainda na sociedade brasileira", afirmou o petista.

Segundo Lula, não é o homem Bolsonaro que está sendo julgado. "É um golpe de Estado que está sendo julgado. É a conduta desse cidadão que está sendo julgada. Então, eu penso que, se ele for culpado, ele tem que se contentar com a punição. Isso vale para todos os 213 milhões de habitantes. Ao invés de chorar, caia na realidade e saiba que você cometeu um atentado contra a soberania desse país", enfatizou o presidente. 

Avanços nas relações com o Japão

Durante coletiva de imprensa, Lula relatou avanços nas relações comerciais em diversas áreas após a visita de Estado ao país asiático. As reuniões resultaram na assinatura de dez acordos e 80 instrumentos de cooperação entre as duas nações, assim como o anúncio da compra de 15 jatos da Embraer pela All Nippon Airways (ANA), maior companhia aérea japonesa, por cerca de R$ 10 bilhões.

Em encontro bilateral com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, os dois líderes abordaram a possibilidade de um acordo de parceria comercial entre Japão e Mercosul e o potencial de abrir o mercado japonês para a carne produzida no Brasil. 

"Essa visita tem como objetivo estreitar a relação com o Japão no momento em que a democracia corre risco no mundo, em que setores de extrema direita, negacionistas, têm ganhado corpo em várias partes. Ela foi importante porque temos que vencer o protecionismo e fazer com que o livre-comércio possa crescer. Foi muito importante porque queremos discutir mudanças na governança mundial, sobretudo no Conselho de Segurança da ONU, para que a gente tenha no século 21 uma representação mais forte da geopolítica mundial", ressaltou o presidente brasileiro. 

A comitiva brasileira, formada pelo presidente, ministros, parlamentares, empresários e sindicalistas, seguiu para o Vietnã.

Com AFP

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