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Secretário de Estado dos EUA chega ao Caribe para discutir segurança energética e Haiti

26/03/2025 09h31

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, chegou a Kingston, Jamaica, nesta quarta-feira (26), como parte de uma viagem ao Caribe focada em buscar soluções para a violência no Haiti e apoiar a Guiana, rica em petróleo, em sua disputa com a Venezuela.

Rubio participará da cúpula da Comunidade do Caribe (Caricom), onde se reunirá com os líderes do Haiti, Jamaica, Barbados e Trinidade e Tobago. Na quinta-feira, ele também fará paradas na Guiana e no vizinho Suriname, informou o Departamento de Estado.

"Rumo à Jamaica para me encontrar com parceiros caribenhos para fortalecer a segurança do nosso hemisfério e combater o crime transnacional. Trabalharemos juntos para combater a imigração ilegal, a violência e o contrabando em nossa região", escreveu o secretário de Estado americano na rede X.

Rubio escolheu a América Latina para sua primeira viagem ao exterior como secretário de Estado, com a prevenção da imigração no topo de sua agenda.

O objetivo é enviar uma "mensagem clara" de que os Estados Unidos tornaram o continente americano uma prioridade, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, na terça-feira.

Ele discutirá principalmente a segurança energética e como reduzir a dependência dos países caribenhos do petróleo venezuelano.

Rubio será o terceiro secretário de Estado consecutivo a visitar a Guiana, que tem as maiores reservas de petróleo per capita do mundo.

O petróleo está concentrado na região fronteiriça do Essequibo, disputada pela Venezuela.

No início deste mês, a Guiana denunciou o que chamou de incursão em suas águas por um navio militar venezuelano, liderada por Nicolás Maduro, a quem os Estados Unidos não reconhecem como presidente legítimo.

Caracas negou a acusação e solicitou uma reunião entre Maduro e o presidente guianense, Irfaan Ali, que rejeitou o convite. 

- "Trabalhar com a Guiana" -

Em uma coletiva de imprensa virtual, o enviado especial dos EUA para a América Latina, Mauricio Claver-Carone, comparou a Guiana aos países ricos em petróleo do Golfo Pérsico, onde os Estados Unidos estacionaram tropas nas últimas décadas devido às tensões com o Irã.

"Queremos trabalhar com a Guiana para garantir a cooperação lá e suas garantias de segurança. Vimos as ameaças da Venezuela", declarou.

Horas depois, o governo Maduro tachou de "hipócritas" suas declarações e acusou os Estados Unidos de serem a "verdadeira ameaça" e de pretenderem "se estabelecer na Guiana como ocupante para agredir a Venezuela".

Trump revogou um acordo com a petroleira americana Chevron para operar na Venezuela e ameaçou impor tarifas alfandegárias a partir de 2 de abril aos países que comprarem petróleo venezuelano.

Ali, no entanto, afirmou que os países caribenhos vão expor a Rubio sua preocupação com a ameaça de Trump de impor multas ao uso de navios cargueiros de fabricação chinesa.

O setor privado da Caricom também aproveitará a viagem de Rubio para "pedir aos Estados Unidos que reconsiderem as medidas" de multar os navios chineses, disse à AFP Patrick Antoine, da Organização do Setor Privado do Caribe (CPSO), em Georgetown.

Antoine estima que a inflação pode aumentar em 30% no Caribe se Washington multar os navios chineses.

As missões médicas cubanas são outro tema de divergência depois que os Estados Unidos ampliaram as restrições de visto a "pessoas que exploram a mão de obra cubana" através de "trabalho forçado", particularmente de médicos no exterior.

Alguns líderes caribenhos não acreditam que contratar médicos cubanos seja exploração de mão de obra.

"Se optarem por ofuscar esta viagem com o tema dos médicos cubanos será uma oportunidade perdida" porque "é algo no qual deveríamos estar de acordo" e "a grande oportunidade aqui é a segurança energética, o desenvolvimento econômico", disse Claver-Carone.

Trump tornou a luta contra a imigração irregular uma prioridade de seu governo e recentemente deportou centenas de venezuelanos para El Salvador, acusados de pertencerem à quadrilha Tren de Aragua.

- O "desafio" haitiano -

A violência das gangues no Haiti será o foco do debate na Caricom.

"O desafio é obviamente o Haiti", reconheceu Claver-Carone, porque a situação é "desastrosa".

"Estamos desenvolvendo uma estratégia para continuar apoiando a polícia nacional haitiana", disse.

Ele acrescentou que Rubio quer ouvir as opiniões de seus "vizinhos e aliados no Caribe" para ver "o que eles acreditam ser possível e como podem participar e trabalhar juntos" nesse sentido.

O Haiti, o país mais pobre das Américas, sofre há muito tempo com a violência das gangues em um contexto de grande instabilidade política. A situação se deteriorou nos últimos meses, apesar da mobilização parcial da Missão de Segurança Multinacional (MMAS), liderada pelo Quênia.

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© Agence France-Presse

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