Exibia carrão e foi expulso: quem é ex-Bope preso suspeito de treinar o CV
Um ex-policial do Bope foi preso nesta segunda, em casa, na comunidade da Muzema. Ele é suspeito de usar táticas aprendidas no corporação para treinar o Comando Vermelho, segundo a polícia.
O que aconteceu
A Polícia Civil do Rio prendeu ontem Ronny Pessanha de Oliveira, conhecido como "Caveira". Ele foi capturado na comunidade da Muzema durante a Operação Contenção, que mira o avanço da facção na Zona Oeste do Rio.
Rony é considerado uma peça-chave na logística e no treinamento armado da organização criminosa. A operação, que contou com apoio do Bope, da UPP do Vidigal e da Subsecretaria de Inteligência da PM, cumpriu 22 mandados de busca e dois de prisão, informou a Polícia Civil.
O ex-PM teria usado táticas aprendidas no Bope para treinar criminosos do Comando Vermelho em técnicas de guerra urbana. Em interceptações, ele aparece se gabando da resistência dos traficantes a operações policiais, sobretudo no Complexo da Penha.
Expulso da PM em 2023, ele passou a atuar diretamente com o tráfico. Antes disso, já havia sido investigado por envolvimento com a milícia em regiões como Rio das Pedras, Muzema e Itanhangá, onde cobrava taxas e explorava imóveis com uso de violência.
O ex-PM mantinha uma empresa de segurança privada em sociedade com a mãe. A "Skull 47 Segurança e Vigilância Patrimonial LTDA", aberta em 2020, está registrada em nome de Ronny e Elaine Pessanha, com sede no Itanhangá e capital social de R$ 50 mil. Segundo a polícia, a empresa servia como fachada para movimentações ilícitas e é peça-chave na investigação por lavagem de dinheiro.
O Grupo Skull 47 se apresentava como empresa de segurança especializada. No Instagram, oferecia monitoramento 24 horas, profissionais qualificados e carros de luxo blindados. Um vídeo publicado no perfil exibe um Porsche Cayenne preto, avaliado em cerca de R$ 950 mil.
Aluguel de jet skis
Ronny também promovia o aluguel de jet skis com a marca JetSkull. Em uma postagem no Facebook, o próprio grupo anunciava: "No Grupo Skull você encontra tudo o que precisa, desde passeios náuticos até todos os tipos de segurança, incluindo instruções e treinamento".
Nas redes pessoais, ele ostentava vida de luxo e chegou a postar vídeos dirigindo uma McLaren de R$ 3 milhões. A polícia informou ontem, em coletiva de imprensa, que o veículo teria sido transferido para São Paulo.
Em seu perfil no Facebook, Ronny construía a imagem de um homem bem-sucedido e admirado. Sua última postagem pública, em 2023, mostra ele de óculos escuros, camiseta e bermuda branca, posando à beira-mar e sentado na borda de uma piscina diante do oceano.
Moradores e comerciantes denunciaram que foram expulsos das comunidades sob ameaça armada. Segundo a polícia, Ronny usava armamento pesado para tomar imóveis e integrá-los à estrutura criminosa.
Ele também é suspeito de participação em dois homicídios na Muzema. As vítimas seriam responsáveis por condomínios populares disputados pela facção. A Polícia Civil afirma que a atuação de Ronny visava garantir o domínio territorial para fins lucrativos.
A Operação Contenção será contínua e envolve diversos departamentos da Polícia Civil. A ideia, segundo a corporação, é impedir a expansão da facção e garantir maior segurança à população da Zona Oeste do Rio.
* Com informações da Agência Brasil e Folha.