Manifestantes protestam em Gaza contra o governo do Hamas e pedem fim da guerra
Desde terça-feira (25), dezenas de grupos palestinos protestam no norte da Faixa de Gaza para exigir o fim da guerra e a saída do governo do Hamas que coordena as ações no enclave no exterior. A mobilização, sem precedentes, pode ganhar força nas próximas horas e atingir outras áreas do enclave palestino.
Várias centenas de palestinos protestaram nesta terça-feira (25) em Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza, para exigir o fim da guerra e a expulsão do Hamas do poder.
"Faça nossa voz ser ouvida. Não tenho medo de represálias", disse Leila, uma jovem mãe, ao correspondente da RFI em Jerusalém, Sami Boukhelifa. Ela convenceu o marido a participar dos protestos. "Decidimos que as manifestações deveriam permanecer restritas, por medo dos bombardeios israelenses", explicou.
Os moradores de Gaza estão protestando contra o governo do Hamas e a ofensiva militar israelense. "Exigimos um cessar-fogo e que o governo do Hamas não permaneça mais no poder na Faixa de Gaza", diz Leila.
"Não aceitaremos mais esses líderes do Hamas que estão confortavelmente instalados no exterior, na Turquia ou no Catar, e que decidem à distância o que é bom ou ruim para nós: essas pessoas não têm ideia do sofrimento que estamos enfrentando", acrescenta.
A revolta dos habitantes de Gaza contra o Hamas visa os membros do movimento baseados no exterior. "Os combatentes palestinos incorporam a luta nacional contra a ocupação israelense. Essas pessoas compartilham nosso sofrimento em Gaza e passaram fome como nós. Eles também perderam seus entes queridos e têm nosso respeito."
Moradores querem mudança do governo do Hamas para Palestina
Os habitantes de Gaza defendem um novo governo, formado por combatentes que vivem na Palestina e que compartilhem os interesses da população. A prioridade é a reconstrução de Gaza e a reabilitação dos sistemas de saúde e educação.
Israel retomou suas operações contra o enclave palestino em 18 de março, colocando um fim à trégua. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou na quarta-feira intensificar ainda mais a "pressão" militar se o Hamas continuar se recusando a libertar os reféns".
O Hamas, por sua vez, alertou que o bombardeio israelense pode acabar matando os reféns, em vez de libertá-los. O movimento islâmico palestino disse em um comunicado na quarta-feira que estava fazendo "todo o possível para manter os reféns vivos, mas o bombardeio sionista indiscriminado está colocando suas vidas em perigo".
"Toda vez que tentam recuperá-los à força, acabam trazendo-os de volta em caixões", acrescentou.
Desde a retomada das operações militares de Israel em 18 de março, 830 pessoas morreram no território palestino, de acordo com um relatório do Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza publicado nesta quarta-feira (26).
Desde o início da guerra, pelo menos 50.183 pessoas morreram na Faixa de Gaza.
(Com informações da AFP)